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Showing posts from May, 2013

smile in the age of worry

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Vamos falar da verdade nua e crua como se ela fosse um sashimi. De salmão. Não. Sem fazer gracinha, esse post é sério. É sobre como a vida real é séria e tem que ser levada a sério. Como a lógica e a razão devem sempre guiar nossas escolhas e como a emoção e o coração devem ficar só dentro da tv.  Porque na vida real não tem pó de pirim plim plim nem fada madrinha. A vida real só tem os lugares mais incríveis que se pode imaginar e as pessoas mais maravilhosas. Tem também um bando de gente ruim, mas aí parece que eu tô falando de bruxa má. Não, na vida real as bruxas são boas e os vilões têm histórias, motivos e razões. E na vida real a gente não faz ideia dessas histórias então na vida real a gente não precisa julgar, a gente pode só perdoar.  A vida real é um lugar frio. De céu azul, de montanhas nevadas, de meio do nada e de trenó puxado por cachorros lindos. Cachorros de verdade, que não falam. Na vida real eles só latem e a gente não pega raiva deles, só literalmente. Ou a

Umbanda e a Coxinha

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Era uma vez Deus. Só que todo mundo chamava Ele de Olorum. Então era uma vez Olorum, que fez o mundo e baseou a coisa toda da vida em sete coisos: a Fé, o Amor, a Lei, a Justiça, o Conhecimento, a Evolução e a Geração. E deu cada um dos coisos pra dois Orixás (que é o que o Francisco chama de Santo) cuidarem. Assim é a Direita. A Esquerda é o outro lado, que completa a Direita. Não é o mal, é a Esquerda. É onde mora o Exú e a Pombogira. É o outro, que faz parte do todo, mas que não é ruim. E que não precisa ter medo, seus besta. No Centro a gente se reúne para cantar e praticar a caridade. A gente desenvolve a mediunidade pra ajudar as pessoas. Não tem nenhum outro porquê das pessoas fazerem isso, pense bem. Só que para ajudar a gente tem que estar bem. Então as vezes a gente passa muito tempo tentando ficar bem pra poder ajudar. E ajudar faz bem também, daí vira uma bola de neve com cobertura de chocolate.  Quando eu chego lá eu chego brava. Parece loucura mas minutos ant

Geração Neverland

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- Com a sua idade eu já era casada e tinha dois filhos. - Com a sua idade eu conhecia o mundo inteiro. E nessa troca de patadas está contida a essência da diferença entre duas gerações. Minha mãe com a minha idade estava em uma fase absolutamente diferente da minha. Se fosse um caso isolado, chamariam os historiadores, filósofos e as manicures de uma pessoa encostada que ficou pra titia . Mas não sou isolada, somos uma geração. Não preciso descrever essa geração pra você, querido leitor, porque você muito provavelmente também faz parte dela. Você ainda mora com os seus pais ou pelo menos vê graaaande parte dos seus amigos nessa condição. Você provavelmente não é casado, não tem filhos, fala mais de uma língua e já passou um bom tempo fora do país. Você tem objetivos estranhos, talvez tenha um emprego convencional mas sonha com outra coisa. Sonha e sabe que é possível. Acho que nossos pais são mais legais que nossos avós. E mais carentes. Os tempos são outros, as coisas são di

o que eu penso sobre o feminismo

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Hoje em dia, na realidade que eu vivo, eu não acho que o machismo exista. Ou existe, sei lá. Mas não acho que é uma coisa que deveria incomodar ou que afete lá a vida da mulher. Outrora ou em outros lugares, sim. Hoje não. Começa do princípio da coisa, que pra mim é representada com a frase "nós mulheres". De tudo que eu posso não saber sobre a vida, uma coisa eu sei: eu não sou todas as mulheres. Dou o direito de todas as outras do mundo se juntarem e falarem como uma unidade, mas me excluam. Eu não sou vocês mulheres . Pra mim, cada mulher é diferente. Assim como cada homem é diferente e da minha boca jamais saiu "vocês homens". Não, vocês mulheres não sabem a dor da minha cólica porque só eu sinto. E só eu sinto a dor do meu coração partido porque não foi o de vocês mulheres. Eu não me sinto ofendida com comercial de cerveja com mulher gostosa ou com qualquer objetificação do sexo feminino. Eu sei que eu não sou um objeto, nunca me senti um objeto. E as mulh

Sobre a Fama

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O Departamento de Sucesso na Vida informa à quem possa interessar que o Edital de Fama continua sendo o mesmo desde a invenção da piriguete, que data de 872a.C. Devido ao crescente número de solicitações que o Atendimento à Reza tem recebido e repassado ao nosso Departamento, viemos por meio deste relembrar aos senhores as regras e condições relativas a Fama. Antes de mais nada é bom ressaltar que a Fama é uma consequência do reconhecimento de um Talento. O tamanho e alcance da Fama é diretamente proporcional a quantidade de pessoas atingidas pelo Talento, porém é válido lembrar que a Fama nada influencia no recebimento de Felicidade e Satisfação. Ou seja, o Talento de mamãe ao fazer um creme de milho é reconhecido pelos filhos e vale o mesmo tanto de Felicidade e Satisfação do que o Talento dos mais aclamados chefs do mundo. Jamais cansaremos de reafirmar: Fama não tem nada a ver com Felicidade e Satisfação. O sistema de Solicitações é gringo e quando você pede Fama, o Atendime

paunocu

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O paunocuzismo é uma tendência difundida na sociedade em que vivemos. É um movimento cultural, um fenômeno social, um saco. Que começou no dia em que nasceu o vírus do eu não quero ter a mesma opinião formada sobre tudo e ele se espalhou juventude a fora. Tanto que, de repente, muita gente junta tem a mesma opinião diferente sobre tudo e, de repente, cês são tudo mainstream paunocu. Acredito que existam vários tipos em uma mesma tribo mas destaco neste post os dois tipos mais comuns na minha timeline: O Revolts O revoltadinho paunocu é contra. É contra tudo, contra a política, contra quem anula voto, contra policiais quando enfrentam grevistas, contra a globo quando fala mal de policiais. São normalmente ateus (são contra Deus), vegetarianos (mas não porque são a favor dos animais, porque são contra as maiorias) e nasceram no país errado porque são contra samba e/ou futebol e/ou carnaval. Preferem o livro do que o filme, preferem reserva cultural a cinemark. Detestam toda

a história do mundo

Diz que um tempo atrás os continentes eram todos juntos. Aí né yo mamma farted  um dia eles se separaram e foram cada um pra um canto. Da Terra. Redonda. Cada um dos continentes seguiu sua vida. A África brincando com os animaizinhos, a Ásia brincando de ter muita gente. A Europa ficou com a cozinha do mundo, a América com o banheiro. E a Oceania ficou com Nemo.  Assim o mundo seguiu em frente, a humanidade foi criando as coisas, soltando gases na atmosfera, soltando pipa na frente do ventilador. O tempo passou, pessoas se casaram e tiveram filhos. Um monte de felizes para sempre. Criaram as fronteiras e os vistos, criaram a Copa do Mundo e a Festa das Nações nas escolas. Criaram um monte de coisa e hoje, qualquer adulto que foi uma criança que sentava no fundão ficaria surpreso se, olhando no Google Earth, soubesse que um dia já foi tudo a mesma coisa, tudo junto. Mas se você olhar bem, Jonas, aquele cantinho do Brasil bem que parece encaixar perfeitamente nos braços da África.

o crack

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Um dia eu descobri que meu sangue não parava de sangrar. Eu tinha poucas plaquetas e a causa disso nunca foi muito bem explicada. Tomei remédios, fiquei internada, quase fui pra cirurgia. Em alguns níveis, dizem que eu quase morri. A recuperação foi dura no físico e duríssima no psicológico. Hoje, graças a Deus e todas as Suas irradiações, aqui estou curada. Meu pai um dia começou a ter uma tremedeira no braço. Depois de muito teimar achando que era uma coisa sobre a qual ele tinha controle, fez um exame e descobriu que tem Mal de Parkinson. Isso afeta não só o braço mas também a fala (e a preguiça, que quadruplicou). Tomando os devidos remédios e fazendo os devidos exercícios de fisioterapia, ele convive com isso sabendo que, por enquanto, não tem cura. Minha avó foi diagnosticada com distúrbio bipolar depois de uma depressão pós-parto de sua filha mais nova. Desde então toma todo tipo de remédio que você pode imaginar e seu comportamento tem sido, no mínimo, desafiador para ela

call me amy

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Meu coração é um besta de pai e mãe. Vem de origem tonta, foi criado num ambiente bobo e agora tá aí só na babaquice. Se abre todo pra qualquer coisa, parece uma puta. A gente gosta do mesmo sabor de miojo? Meu coração te ama. Assim fácil, assim simples. E o pior, é sincero. Porque no primeiro sorriso forçado ele já bate esquisito e eu não consigo mais. Aí quando começou essa coisa de Disney, o bicho chegava que tava obeso de tão alimentado. Cada vez que o Mickey aparecia, cada sorriso de uma criança pra Branca de Neve, cada beijinho que eu ganhava do Stitch, cada bobeira era um choro. E o álcool catalisava, eu amava demais. Pra sempre. Tudo bem que todo gordinho pede bullying, mas acho que passou-se um pouco dos limites. A culpa é minha dele de ter amado tanto sem nem um background check nessas amizades loucas e estrangeiras aí né? Mas a queda foi feia, doeu bastante. Mais do que eu poderia explicar pra vocês que têm corações normais de gente normal.  Agora eu já xingu

hello there!

Tentei metáfora e uns outros caminhos mas acho que tem hora que era melhor só simplesmente escrever o que tá aqui e pronto, né? Acho que a coisa não flui enquanto eu ouço música também. Mas eu não quero o silêncio agora. Eu tô vivendo uns dias de anos 90 revival aqui que estão sensacionais. Muito Blink, muita Alanis. E tem as músicas que ficaram na cabeça que tocavam na rádio de Orlando. Dez vezes por hora. Por isso eu não quero parar a música. Eu fui pra Orlando, aliás. Disse que iria pra Miami mas a gente mudou de última hora. Muita coisa muda de última hora, né? Mudou muita coisa na minha cabeça nas últimas horas e os sinais de que a mudança foi pro bem já começam a aparecer. Em forma de chopp e em forma de sonho. Sonhei com você essa noite. Sonhei que eu ia embora de onde você tava e fui te dar tchau. Disse que queria ter passeado mais mas não dava tempo, eu tinha que ir. E foi tudo bem até a hora do beijinho no rosto. Acho que mantendo distância do seu campo gravitacional v

a novela e o iron man

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Eu cresci com a televisão. Com Glub-Glub, Mundo da Lua e Hey Arnold! Com Doug, Confissões de Adolescente e Malhação. Com Cavaleiros do Zodíaco, muita Sessão da Tarde e novela. Sempre novela. Todas as novelas, que passam naturalmente aqui na minha casa e a gente acompanha naturalmente, sabe o que vai acontecer - naturalmente. Mas mesmo assim a gente cancela compromisso no último capítulo. Mas também cresci lendo os livros do Asterix e a coleção Vaga-Lume inteira. Cresci indo bem na escola, fiz colégio técnico, faculdade boa. Viajei, conheci coisas. Fiz coisas. Mesmo assistindo televisão, mesmo assistindo novela, que não fez meu cérebro derreter. Sei que isso vem de longe, de uma repulsa intrínseca da gente sobre as coisas que são populares. A gente, que não é popular. A gente, a geração que aceita e quer tanto ser diferente que acaba toda igual, com as mesmas diferenças. Popular é o novo pecado das massas, parece. Pra mim que é a burrice, né? E o menor problema da burrice é a novel