time traveling
Da arte de bater na mesma tecla, capítulo II: efeitos do mar em relação ao tempo.
É esquisito. Lá dentro, um dia parecia ter 56 horas por causa do tanto de coisa que acontecia. E, no entanto, foram os 3 meses mais rápidos da minha vida.
Tudo mudava muito rápido e as pessoas que você conhecia há dois dias já faziam parte da sua família. E são tantos tipos diferentes de pessoas, tantos pontos de vista estranhos, que a gente aprende a repensar o básico, rever conceitos, aceitar coisas doidas. Isso resulta no fazer coisas doidas.
A gente cresce. Mudam-se as prioridades. Um pão na chapa vale muito mais do mil filés de peixe assados. A família dobra de importância. Mas a gente não esquece nunca a família a bordo [tudo bem que eu saí há 9 dias, né?].
Quando a gente sai, nossa cabeça pensa diferente, os planos são outros. Parece que a gente tá no futuro. E as pessoas que a gente deixou aqui continuam as mesmas, como se estivessem ainda no passado. Demora pra ajustar o jet lag.
E no entanto, pra quem ficou, a gente é que parou no tempo enquanto estava lá dentro. Pra mim, ainda é janeiro. O assunto ainda é a donatella e a flora. Eu não lembrava que aqui chovia tanto, eu não lembrava o som esquisito que é o eco do azulejo. Eu contava os dias da semana em portos. Pra mim, não importava se era sábado ou quarta, a noite era igual. O dia, parecido.
A gente acustuma com o pôr do sol inenarrável. A gente acustuma com o céu cheio de estrelas e a gente acustuma a falar 'olá' ao invés de 'oi'. A gente até se acustuma a lavar roupa em uma lavanderia cuja temperatura beirava os 50ºC. Sei lá, eu tenho saudade da lavanderia.
Eu tenho saudade das conversas que viravam viagens no chão do quarto 206, e de como as pessoas iam chegando e se juntando à nossa viagem. Eu tenho saudade de comer sopa ao som ao vivo de um violino. Eu tenho saudade da sensação estranha de ver o mundo acabando do lado de fora da janela. Eu tenho saudade do 7 calles. Eu tenho saudade de correr pra encher uma garrafa de vodka no intervalo dos shows. Eu tenho saudade dos sete apitos curtos e um longo. Eu tenho saudades de tudo!
É esquisito. Lá dentro, um dia parecia ter 56 horas por causa do tanto de coisa que acontecia. E, no entanto, foram os 3 meses mais rápidos da minha vida.
Tudo mudava muito rápido e as pessoas que você conhecia há dois dias já faziam parte da sua família. E são tantos tipos diferentes de pessoas, tantos pontos de vista estranhos, que a gente aprende a repensar o básico, rever conceitos, aceitar coisas doidas. Isso resulta no fazer coisas doidas.
A gente cresce. Mudam-se as prioridades. Um pão na chapa vale muito mais do mil filés de peixe assados. A família dobra de importância. Mas a gente não esquece nunca a família a bordo [tudo bem que eu saí há 9 dias, né?].
Quando a gente sai, nossa cabeça pensa diferente, os planos são outros. Parece que a gente tá no futuro. E as pessoas que a gente deixou aqui continuam as mesmas, como se estivessem ainda no passado. Demora pra ajustar o jet lag.
E no entanto, pra quem ficou, a gente é que parou no tempo enquanto estava lá dentro. Pra mim, ainda é janeiro. O assunto ainda é a donatella e a flora. Eu não lembrava que aqui chovia tanto, eu não lembrava o som esquisito que é o eco do azulejo. Eu contava os dias da semana em portos. Pra mim, não importava se era sábado ou quarta, a noite era igual. O dia, parecido.
A gente acustuma com o pôr do sol inenarrável. A gente acustuma com o céu cheio de estrelas e a gente acustuma a falar 'olá' ao invés de 'oi'. A gente até se acustuma a lavar roupa em uma lavanderia cuja temperatura beirava os 50ºC. Sei lá, eu tenho saudade da lavanderia.
Eu tenho saudade das conversas que viravam viagens no chão do quarto 206, e de como as pessoas iam chegando e se juntando à nossa viagem. Eu tenho saudade de comer sopa ao som ao vivo de um violino. Eu tenho saudade da sensação estranha de ver o mundo acabando do lado de fora da janela. Eu tenho saudade do 7 calles. Eu tenho saudade de correr pra encher uma garrafa de vodka no intervalo dos shows. Eu tenho saudade dos sete apitos curtos e um longo. Eu tenho saudades de tudo!