cada mijada uma pensada
Tem gente que quando fala que quer escalar o Monte Fukushima, já comprou a mochila, a sapatilha, a barraca, a passagem, as roupinhas. Já vem se preparando há 8 meses e já até riscou do bucket list. Tem gente que quando fala que quer escalar o Monte Fukushima, você sabe que a pessoa vai escalar o Monte Fukushima. Se eu falo que quero escalar o Monte Fukushima, eu nunca vou escalar o Monte Fukushima.
Não é uma questão de mentira ou de falta de força de vontade, é só uma questão matemática. Chances, estatisticamente falando, quando eu falo que quero fazer uma coisa, as chances são que eu não faça. Porque eu falo que quero fazer uma coisa diferente a cada 6 minutos e as vezes, enquanto eu falo para alguém meu plano de fazer aquela coisa, eu já mudo durante a frase, desisto daquilo e resolvo que é melhor fazer a outra coisa que agora eu quero fazer. Eu tenho a volatilidade de um mercúrio. Eu desisto com a facilidade de uma piriguete.
Mas hoje eu recebi um telegrama, era você de Aracaju ou do Alabama percebi que quero fazer uma coisa há mais de uma semana. Hoje eu percebi que o plano que se formou na minha cabeça num passe de mágica, como tantos outros que se formaram assim, parece ser sólido. Hoje eu percebi que de alguma forma eu passei de fase nesse Candy Crush que é a vida.
Talvez porque dessa vez o plano não envolve outros países, outras moedas, outros meses fora de casa. Talvez porque não envolva um novo CNPJ nem um investimento primário. Talvez porque eu não precise tirar brevê nem aprender crochê. Ou talvez até porque seja o plano que todo mundo tem aos 17 anos, que só foi aparecer na minha cabeça agora aos 25 do segundo tempo. Não sei porque, enfim, mas sei que ele é sólido.
Muito sólido mesmo.
Nem na água do mar ele dissolveu.