melhor que vem pra rua
Na minha opinião, o ser humano está em constante evolução. Claro que, ao longo dos anos, fomos cagando pelo planeta a fora e jogando lixo no chão e coisa e tal. Mas era uma questão de consciência e, enquanto um lado industrializado e tecnológico evoluía, a gente deu uma esquecida no lado ambiental. Porque também ninguém sabia muito sobre isso, né? E agora a gente sabe. Evoluindo.
Cada geração tem características "melhores" do que as anteriores, enquanto algumas coisas boas inevitavelmente se perdem. Mas, de forma geral, minha infância, adolescência e vida adulta com certeza foram mais simples e fáceis do que foi pra minha vó. É um processo natural e inevitável, não adianta mimimetizar.
Eu e minha geração, a famosa milenar, geração Y, que é especial, narcisista, blá blá blá, que foi criada achando que era especial, somos mesmo meio especiais. Fazemos coisas sensacionais, viajamos muito mais que nossos pais, falamos línguas, conhecemos gente e enfim, vivemos o sonho. Muito rápido. Me formei em 2009 e, dos que se formaram junto comigo, dos 8 amigos com os quais eu me importo, todos os 8 estão extremamente bem de vida. Cinco anos depois. Já tem até Diretora de Criação e prêmio de Cannes. Cinco anos depois.
Tem havido, no entanto, uma depressão generalizada. Causada, acredito eu, pela rapidez que chegamos aos nossos objetivos. Chegamos no topo da montanha, e eu me incluo nesse case de sucesso, e lá de cima a gente se pergunta:
- E agora?
Falta a cultura da caridade, eu acho. A gente já veio com a aceitação embutida, a gente tem pouco ou nenhum preconceito, a gente acha ok todas as pessoas e modos de viver. Mas a gente não ajuda. E talvez isso que falte para que, numa tacada só, grande parte dos problemas da cidade, do país, e, sei lá, do mundo desapareçam. Imaginem uma geração que se volte para a caridade, que verdadeiramente entenda os benefícios de ajudar sem esperar nada em troca, mesmo sabendo que o que se tem em troca vale mais que dinheiro, statis, camarote.
Imagine aquela galera do ano passado que saiu pras ruas, aquelas 100 mil pessoas só em São Paulo... imagine se ao invés de parar o trânsito e desfilar com plaquinhas, cada uma delas estivesse envolvida num projeto social de educação, saúde ou meio ambiente. Além da satisfação ritrovil-like, do bye bye depressão, a gente teria alcançado um resultado muito maior que os 20 centavos.