mais amor na base do tapa
Dia desses o cara me fechou na Raposo, daquelas fechadas que a gente fica com vontade de arrancar a cabeça da pessoa com os dentes. Tinha um adesivinho no carro dele. Aquele do gentileza gera gentileza, com as setinhas e tal, sabe? Eu nem cheguei a ficar brava com o cara, tamanho o simbolismo daquele momento. Foi até engraçado. A vida tem sido essa fechada do gentileza gera gentileza em loop infinito. As palavras e os sentimentos mais nobres permeiam o dia-a-dia escrito, o virtual. Nunca se viu tanto amor como se vê agora, estampado para quem quiser ler. O que eu, particularmente, considero uma coisa sensacional. Você achou que eu ia criticar as pessoas que amam no facebook e traem a namorada três vezes ao dia, né? Você com certeza achou que era esse tipo de post. Mas não é.
Você pode sentir diferentes coisas em diferentes momentos e depois mudar de ideia sobre tudo. Ninguém tem esse caráter reto que acha que tem, todo mundo é meio doido e sentimento é uma parada meio confusa. Você pode pedir um mundo melhor dizendo que gentileza gera gentileza e me fechar na Raposo, porque eu vivo pensando em um mundo melhor e quis arrancar sua cabeça com os dentes. A gente tem essa dualidade sim, a gente é meio monstro, ninguém tá livre. O mal está contido no bem assim como o bem está contido no mal. Pensar em um mundo melhor não é pensar em um mundo onde o mal não exista, é pensar em um mundo onde o bem possa prevalecer. Você não precisa ser gentileza gera gentileza o tempo todo, você não vai conseguir. Só precisa reconhecer a fechada, respirar fundo e pedir desculpas. E tentar não fechar ninguém da próxima vez, talvez.
No final, o que eu quero dizer é que todo mundo fica meio puto, todo mundo faz merda, todo mundo é meio irritante de vez em quando. E aceitar que a gente é assim, que esses defeitos existem, ajudam a gente a identificá-los e parar a palhaçada. Porque senão, fera, você vira a pessoa babaca do rolê que não consegue gerar uma gentileza de volta pra si.