síndrome do coração fantasma
Momento segredinho aqui pra vocês, que eu acho que é legal compartilhar esses sentimentos leves e tranquilos: desde que meu pai morreu parece que eu não sinto mais dor. Eu disse, é coisa leve. Papo de boteco.
Mas é mais ou menos isso que eu tô passando. Existe uma dor que é física, de doer mesmo, que você sente e não tem habilidade de fazer parar. Desesperador. Nem tô falando de dor de bater o dedinho na quina do armário. É saudade, tristeza, essas coisas. Essas coisas doem mesmo, fisicamente. E é exatamente essa dor que eu não sinto. Porque tem a outra, a dor social, a dor que é consciente, uma resposta consciente a uma situação determinada. Essa dor eu ainda sinto porque minha racionalidade não foi afetada pela tragédia. Então, quando uma coisa que deve causar dor acontece, eu respondo a ela conscientemente com dor, mas uma dor que não dói. E vocês não sabem (eu espero) o quão dolorido é isso. Saber que você está triste, abatida, chateada, em luto... mas que você consegue fazer parar de doer a qualquer momento.
É só você fazer assim *tlac* que eu ~paro de doer~
Agora, por que caralhos eu tô falando disso, além dos motivos óbvios de chamar atenção e mostrar pra todo mundo a grande guerreira vencedora batalhadora que eu sou?
Porque hoje eu senti dor. E lembrei de uma outra situação isolada em que eu também senti dor. Em comum elas têm o fato de não ser minha a dor. Percebi que a dor de quem eu amo ainda dói em mim, que esses nocireceptores eu não queimei. E que porra doida que é o amor que a gente se liga de um jeito tão puro que os sentimentos passam de um coração pro outro sem filtro. Que insano pensar que foi quase prazeroso sentir sua dor, que vergonha! Mas ao mesmo tempo, que bom saber que a dor ainda funciona pra lembrar do amor.
Foi só um desabafo que teve ares de síndrome do membro fantasma. Repressão mandou beijos, te amo.