o cervo
Na floresta o silêncio é cortado apenas pelo barulho surdo de pássaros e pequenos animais que convivem em paz e à distância, evitando assim o contágio por corona vírus. O sol corta com dificuldade a copa densa das árvores imponentes que se aglomeram de máscara, e forma desenhos geométricos e precisos no chão à nossa frente, dando palco para as partículas de esperança que dançam refletidas em luz. Tudo é muito calmo e nós esperamos pacientemente há mais de 11 dias, parados no mesmo lugar. Levantamos apenas para as necessidades fisiológicas que se multiplicam exponencialmente e para buscar o ifood, que chega sorrateiro na portaria e não pode subir. Observamos a natureza pura que transcorre na frente dos nossos olhos com a justiça e paciência característica de Jesus, que se não nos abandonou ainda, saiu para comprar cigarro já há muito tempo. Ainda assim esperamos, e em silêncio, porque qualquer movimento brusco pode colocar tudo a perder. Horas viram dias, expectativa derrete em decepçã...