throwback inter
Era pra eu estar vomitando corote de menta agora, depois de ter dormido mal pelos mais diversos motivos que eu nem ia lembrar depois. Eu ia rir da cor do gorfo, talvez. Eu ia pensar "que bom que foi menta que pelo menos o hálito tá ok". Daí eu ia lembrar que eu tenho 32 anos e ficar com vergonha das minhas atitudes. Depois ia pensar "ah, foda-se".
Eu ia voltar pra minha barraca que eu estaria ou não dividindo com alguém, e ia xingar o sol excessivo ou a chuva, porque eu estaria um pouquinho mau humorada. Mas aí eu ia comer um pão na chapa da padaria mais próxima ou avistar um crush sem camisa e tudo ficaria melhor. Eu ia animar pra tenda fake que nada mais é do que beber mais corote de menta e canelinha em algum canto do aloja, onde tradicionalmente uma galera estaria com uma caixa de som tocando itanhaem só moleque loko em loop infinito. Eu ia gritar nessa hora, sem contexto. Eu gosto de gritar sem contexto. A Bruninha ia rir de dentro da barraca dela e a Fernanda ia falar "NATALHA! CHEGA!". A gente ia pra tenda, mais tarde ia ter futsal feminino e eu ia jogar razoavelmente bem mas a gente ia perder pra PUC-Camp de novo. Depois ia jogar um vôlei engraçadíssimo contra a USP-SP, que a gente também ia perder mas só no terceiro set. Ou será que a gente ia ganhar tudo porque entraram 5 bixetes esportistas? Jamais saberemos.
A gente ia pedir marmita e eu ia reclamar porque queria gastar 80 reais no japa da rua de cima mas a marmita tava gostosa. Ia ter festa, a gente ia dar uma aditivada na serotonina, eu só ia beber água e correr sem contexto. Eu ia rir das luzes e cantar a música do Rei Leão. Eu ia idolatrar a DJ Gabi e esquecer onde o bonde estava.. Eu ia encontrar o Gudão pelado em algum momento, e uma mina soltando pipa a noite. Eu ia parar numa rodinha da São Camilo e falar pra eles que eu fiz 1 ano de São Camilo e eles iam achar legal. Eu ia encontrar a Ana Flávia e a gente ia colar a cabeça na caixa de som até a Fernanda me tirar dali pra gente dar uma volta e fofocar. Ia ser legal.
Eu ia estar com o abadá nunca usado, com uma arte que eu nunca fiz, da cor que eu não sei qual seria, em uma cidade que ainda é um mistério pra mim. E se você estiver pensando que isso tudo é irrelevante porque tem gente morrendo e a amenidade de um inter é insignificante, você tá coberta de razão. Mas é que era pra eu estar vomitando corote de menta agora...