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Showing posts from April, 2013

os cegos do castelo

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Dentro do meu castelo feito de razão e tequila, eu era a rainha e podia fazer o que quisesse. A vítima, a heroína, coitada. Tudo isso me dava o poder de meter o dedo na cara, dar tapa e chamar de filhadaputa. Julgar, condenar e executar a sentença. Porque que fui traída nas leis da amizade e era, portanto, inquestionável. Mas todo reino que se preza tem um doido e um sábio. No meu reino, o doido e o sábio eram a mesma pessoa, que usava sombreiro e colocava pimenta até nas frutas. E chegou com sua barriga cheia de amor e gritou bem na minha cara que eu era tão errada quanto quem eu chamava de errada. Que só porque as leis da amizade ali não reinavam, não quer dizer que as leis do amor poderiam ser ignoradas. O amor deve existir entre as pessoas mesmo que elas não se vistam igual nas festas de se vestir igual. Mesmo que elas não tenham histórias. Mesmo que elas nem se conheçam... doida-sábia me disse que eu não tinha traído amiga minha mas tinha traído amiga de alguém. Me deu um tapa ...

imagina na copa

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Aqui em São Paulo a prefeitura vai fechar a Paulista durante toda a Copa. Que nem no ano novo, só que por um mês. Vão instalar telões por toda a avenida que vão transmitir todos os jogos ao vivo. Quando dois jogos forem ao mesmo tempo, os telões do começo da avenida vão transmitir um e os do final vão transmitir outro. No primeiro dia vai ter uma cerimônia de abertura com um show da Ivete. Depois nos outros dias, antes dos jogos vai ter uma apresentação das baterias de Escolas de Samba. E nos intervalos, Baterias Universitárias. A prefeitura vai treinar e equipar vendedores que vão ficar pelo meio do público vendendo coxinha, milho verde, refrigerante e cerveja. Tudo preço tabelado pra não ter exploração.  Durante os jogos do Brasil, uma bola gigante fica quicando na galera. E toda vez que for gol nosso ou gol contra a Argentina, fogos! Vai ter muito gringo pirando, muita festa, que nem carnaval. Vai ser o mês mais incrível da história. E a gente vai lembrar de pou...

coisas que eu sei

Eu sei uma coisa. Aliás, eu sei várias coisas, eu sei todas as coisas. E em algum nível de corretismo eu deveria mesmo era falar todas as coisas pra todo mundo envolvido nas coisas. Mas eu jamais falarei todas as coisas porque é errado. Tá certo mas é errado. Agora, sobre a coisa que eu sei, eu talvez devesse falar uma coisa. Avisar da coisa. Pra que a coisa não termine em merda. Só que a coisa é segredo e se eu avisar da coisa, segredo morreu. Se eu não avisar da coisa mas desencorajar a coisa, também é errado. Porque eu não tenho nada a ver com a coisa. E por não ter nada a ver com a coisa mesmo é que eu devia me afastar e observar como ocorrem as coisas. Mas tem mais coisa nessa história, vocês sabem e eu sei. Eu não consigo deixar de sentir que se eu me abster de comentários sobre a coisa é por causa da outra coisa. Quer dizer, quem sou eu pra falar da coisa se eu mesma faço parte de todas as coisas? Uma parte menos importante mas recente. Coisa recente. Enfim, dai eu finjo qu...

o melhor do Brasil

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Que os deuses do reino encantado da coxinha me perdoem for I have sinned e vim me confessar em forma de texto. É que eu sou daquelas pessoas covardes que quando têm alguma coisa feia pra contar, não conseguem olhar no olho. E eu não posso olhar no olho da coxinha pra dizer o que vou dizer. Depois de visitar a montanha mais alta do monte nevado onde cachorros servem de meio de transporte, depois de ver de perto o estrago que o Obelix fez naquele estádio em Roma, depois de avistar um possível tubarão que poderia ser uma baleia ou só uma pedrona do alto do paraquedas amarrado a um barco no México, voltava pra casa com os ombros cansados e o estômago vazio. E contava pra quem quisesse ouvir que não existia lugar como o Brasil porque só no Brasil tem coxinha.  Só que quando eu comi coxinha em Miami a magia se quebrou, a Amazônia chorou, o Mico-Leão-Dourado fez um cocô e de repente nada mais fazia sentido. A imaculada imagem de um país único se perdeu na globalização de um t...

a terra prometida

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Você não morreu mas chegou ao paraíso, à Terra Prometida. E tanto faz de que religião você é ou se é ateu, sei lá. Aqui todo mundo pode entrar, todo mundo é igual, tem os mesmo direitos. É daora. Não temos gente feia. Temos ângulos incríveis e muita maquiagem. Muito photoshop, muito filtro de instagram. Temos sorrisos e amizades sinceras. Muitas amizades sinceras, aliás. É muito amor! Ninguém esquece o aniversário de ninguém e as pessoas estão constantemente socializando e te chamando pra jogar algum jogo, ir ao teatro que fica em Manaus. Mas a principal característica do nosso povo utópico dessa comunidade perfeita é o caráter. Todas as pessoas aqui são politizadas e conscientes de seu papel na sociedade. Todas são diferentes dos demais, por mais irônico que isso seja. Todas têm coragem e sabedoria. Todas lutam contra alguma injustiça que pode ser abandono de cachorro, atropelamento de ciclista ou homofobia. É mais nesse tema mesmo, mas há uma sazonalidade que arrebata os coraçõe...

ah, a metáfora...

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Quando eu comecei com o navio pela primeira vez foi tudo bem porque ninguém imaginou que seria assim por tanto tempo. Nem eles nem eu. Eles nem tinham uma opinião e eu achei muito legal como muitas coisas muito legais que eu fazia. Mas foi quando eu fui embora do navio que eu comecei a sentir uma saudade imensa e entendi que era amor. Já não queria mais fazer nada que não fosse o navio. E isso preocupou eles. Eles diziam que isso não era vida e que eu estava gastando um tempo precioso. Eles queriam que eu focasse em uma coisa real e fixa. Uma coisa eterna. Mas quando a gente ama, tudo que eles dizem entra por um lado e sai pelo outro. Assim segui por anos com esse amor pelo navio, cada dia mais profundo, mais intenso. Cada embarcada era um brilho maior ainda nos olhos. Para o desespero geral deles. De vez em quando até eles achavam que estava tudo bem, pra falar a verdade. Porque o navio me fez passar por coisas incríveis, conhecer lugares sensacionais que eu jamais teria conhecid...

algumas pessoas

Para algumas pessoas, os anos só passam no RG. O espírito continua sempre igual, sempre jovem. Porque algumas pessoas vivem a vida com um brilho nos olhos que inspiram, aproveitam os momentos como se fossem únicos (ué!), são gratos e felizes o tempo todo mas têm uma energia de que o melhor da vida sempre ainda está por vir. E está. Mas o tempo passa sim pra essas pessoas. Só que o tempo, pra elas, significa experiência. Pra saber que essas pessoas têm toda razão. E hoje eu fico feliz de perceber que apesar de todas as 7 bilhões de pessoas do mundo, algumas pessoas, as melhores, vivem logo aqui do lado. Parabéns! :)

felicidade

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Acordei na casa da minha melhor amiga do mundo. Fomos passear, assediar motoboys, encontrar com mais gente linda, comer sushi (de graça! :D), tirar foto de estátua viva e passear mais um pouquinho. Depois andar na praia, tomar água de coco, fazer planos incríveis, falar de todas as coisas. Daí eu fui pra São Paulo, encontrei uma amiga das maaais antigas e das mais queridas no ônibus sem querer! E cheguei em casa a tempo de ver a novela. E o monte de recado que essa gente linda do coração me mandou. Tomei banho e fui jantar hambúrguer com a família. De graça de novo. E teve até sobremesa. Ganhei uma blusa linda, um arroto, um almoço e uma janta. E foi um dos melhor dias que eu me lembro de ter tido. Feliz aniversário feliz!

um bobinho sobre amor

Amor não é fome. Você tem um pouco de fome às 2.15 am quando termina de assistir um filme. E tem muita fome se pular o almoço e a janta demorar. Amor não é sono. Você tem um soninho depois de comer e tem muito sono mesmo se virou a noite. Amor não é frio, não é dinheiro, não é a quantidade de cheetos que ainda tem no saquinho (mas influencia). Amor não é contável ou mesurável. Não pode ser quantificado. Amor é como a presença: ou está ou não está. Você gosta pouco ou muito mas se ama, ama.  E é eterno o amor, não diminui, não desaparece.  O amor pode ser muitos também. A gente ama mãe e pai, irmão e irmã. Um amor não tira pedaço do outro, vivem juntos e em harmonia. Por isso não tenha medo de acumular amores mas cuide bem de cada um. Cada um importa. Cada um é suficiente. Amar é o suficiente. 

not just anybody HELP

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Falando sério agora, eu preciso da ajuda de vocês. Eu gosto de escrever. Poderia viver disso num mundo onde houvesse o Bolsa Palavra que paga uma certa quantia por palavra publicada. Mas teria que ser escrita corretamente e dentro de um contexto. E eu teria que pertencer a alguma minoria. Daí como eu sou Umbandista, o governo aprovou. Mas não tem essa Bolsa. Então eventualmente eu vou trabalhar com qualquer coisa aí pra pagar as contas. Conta. Da Nextel. Só. Enfim, queria escrever um livro. E TRUST ME ON THIS: eu tenho história pra escrever 9 livros. Mas a publicidade que eu estudei me fodeu. Eu não consigo não pensar no que as pessoas tendem a gostar. E é aí que entram vocês, amigos! Vocês têm que me ajudar a escolher! Os temas que eu tenho o torrent pra baixar o livro da mente são: 1. Um livro que é uma história de amor bem da diferente, mas que passa por doença, religião e vida em navio. Chame de auto-biografia, se quiser. 2. Um livro que conte pequenos co...

sobre o paradoxo da comunicação

Eu queria falar sobre a injustiça paradoxal da comunicação. Porque dizem os psicólogos e massagistas que a gente não deve guardar nada no peito e que a comunicação é a chave das relações humanas. Mas essas pessoas que dizem isso não conhecem as minhas relacões humanas, obviamente. Porque nas situações que eu vivencio, comunicação é a chave do estrangulamento. Quando um cocô aparece eu sempre penso no clichê: será que eu devo falar? Me comunicar? Mais que rapidamente ataca a esquizofrenia e eu penso que não, que se eu tiro uma coisa do meu peito vai direto nos nervos alheios. Abafa, esquece, sorri e acena. Daí começa a crescer a bola de mágoa. Cês já passaram por isso? É físico mesmo. Quando você engole uma mágoa sabor limão ela para exatamente na entrada do pulmão. Naquela mesma região que ventila no evento de liberação de adrenalina. Aquela que murcha quando a gente bota pra chorar. E fica assim o paradoxo: comunicar alivia mas causa treta que vira mágoa. Não comunicar vira direto ...

o texto sobre mosquitos que ficou uma merda

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Nesses dias loucos em que vivemos, se você atropela um cadeirante ou dois com o seu skate ninguém liga. Mas se tem uma mesa de vidro na sala e atrai seu cachorro pra debaixo dela e fala WHO'S A GOOD BOY? por cima do vidro pro cachorro enfiar o coco e você ri, ah! o P e TA entra em auto ebulição de ódio, vem e te leva preso por 8 anos em regime semi-aberto. E seu facebook morre. Porque é uma época de amar os animais. Todos os animais. Menos os mosquitos.  Os mosquitos, ou pernilongos, ou fiduaégua, nunca receberam nenhum tipo de afeto de nós humanos. Alguma coisa acontece no meu coração - e no seu também - quando a gente vê um mosquitinho voando. É uma animalidade adormecida que de repente renasce em nossas entranhas e nos transformamos em assassinos sem coração. Desejamos a morte e nada além da morte. Ninguém espanta um mosquito pra fora, a gente mata! A gente quer ver sangue! A gente quer vingança! Mas no estado de latência em que me encontro, nem mesmo esse instinto assassin...

sobre a menstruação

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Pra você que é menino e só ouve falar, vou te explicar o que acontece quando a mulher fica menstruada: o útero, que é o órgão do corpo da mulher onde a gente guarda bebês, percebe que não teve bebês esse mês e fica puto. Tão puto que ele explode. E, claro, se um órgão fica puto e explode, sangra. Mas o sangue que sangra não é um sangue normal, que nem quando você puxa pelinha da cutícula. Não, esse sangue também tá puto e quer fazer mal. Ele vem descendo e socando tudo que vê pela frente, coagulando e fodendo, o filhodaputa. Essa é a parte física. Psicologicamente, o útero conta pro cérebro que não houve atividades sexuais resultantes em bebês esse mês. O cérebro, que é amigo do útero desde da segunda série, fica puto também e fala: - Também num vai trepa NUNCA MAIS, vadia! E aí começam as espinhas, o abatimento, o ódio que a mulher sente da vida. O cérebro lembra a mulher que eu (porque né?) não tenho emprego, nem vontade, nem objetivo, nem dinheiro, nem amor, nem carro, nem fi...

o sábio no alto da montanha

A busca pelo sábio no alto da montanha mais alta foi uma aventura. Dragões e pontes que se quebraram, cocô no chão e babuínos assassinos, chuva de granizo e não tinha papel no banheiro. Sete portas e só uma levava ao destino final. Uma fila enorme na lanchonete. Mas depois de tudo enfrentar, cheguei lá e pude então fazer minhas 2 perguntas (3 se eu tivesse conta premium). Aí eu perguntei sobre o sentido da vida e o que é o amor. O sábio apontou pro Oeste e disse "a vida tá alí" e apesar de ter achado que foi uma piada babaca, eu ri. E porque eu ri eu perdi meu direito de reclamar (literalmente, era um papelzinho que você apresenta na saída mas na hora que eu ri veio um menino vestido de pirâmide e pegou).  Já sobre o amor, o sábio falou mais bobeira do que eu jamais ouvi. Junte todas as imagens compartilhadas sobre o assunto e num era nada daquilo. Era pior. Daí a gente começou a discutir e conforme eu ia falando das coisas do amor, o sábio ia perdendo a pose, negando co...