amor à tecla SAP
Assim friamente falando, eu nasci brasileira por um acidente geográfico. Poderia ter nascido boliviana, russa ou somaliana. E você também. O mundo não é o Anglo, que classifica a criançada por sala A, B ou C dependendo da inteligência. A gente é brasileiro e não é por merecimento não, nem conquista. Por isso orgulho de ser brasileiro é tão besta quanto orgulho de ter olho verde.
Eu já fiz um post assim, só não sei se publiquei.
Claro que a gente - por costume - gosta mais da comida daqui ou do futebol daqui ou da música daqui. E claro que ok, vamos comemorar nossa cultura, vamos curtir tudo que o acidente nos proporciona. Nada de errado nisso. Mas nunca esquecendo que outros povos e outras culturas são igualmente ricas e podem ser admiradas e comemoradas também. Não é competição, gente.
Eu quero assistir Cinderela em inglês porque assim foi feito o filme. Não porque eu odeio esse solo e quero que o samba se afogue em cachaça. Eu sei falar inglês, trabalhei na companhia americana que criou o filme (não a história, eu sei, irmãos Grimm, blá blá blá) e gosto da língua. Acho que a dream is a whish your heart makes fica mais bonito que um sonho é um desejo tão bom. Não porque eu quero que os índios morram e levem junto o tupi-guaraná! Eu só gosto. É uma língua, uma cultura, uma obra que também pode ser comemorada mesmo que não seja made in Brazil. Assim como muitas outras coisas de muitos outros países em muitas outras línguas: são criações humanas e são categorizadas em países só porque alguém em algum momento da história decidiu que daquela linha pra cá era merda, daquela linha pra lá era mierda.
Tentem pensar assim, amiguinhos. Tentem abrir um pouquinhozinho a sua cabeça bairrista e aceitar a beleza que vem de todas as partes.
E me deixe chamar o Tatá de GusGus.