Espera, paciência e calma.
Espera. Paciência. Calma. Aquela turminha que nunca me fez mal mas que eu nunca consegui trocar muita ideia. Nunca fomos amigas, eu e elas. É muito difícil se relacionar com aquilo que não se compreende. Nunca compreendi a espera, nunca tive muita paciência, calma nunca significou nada pra mim. Nada disso eu falo com orgulho, foi-se o tempo em que os traços da minha personalidade eram motivos de bater no peito e gritar bem alto. Foi-se o tempo que eu acreditei em traços de personalidade como únicos e imutáveis. Eu não sou assim, eu estou assim. O tempo todo estando, passível de mudança e, tomara!, evolução.
A tríplice antagônica do meu signo, do meu pai, e do meu sangue deixou bem claro que a mensagem desse ano era compreendê-la. Se em uma vida eu ouvi de longe quando me diziam pra ter calma, porque eu tinha passado correndo, se até hoje a espera não passou do tempo necessário pra outra ideia e outro plano surgirem, se eu cheguei a provocar desilusão em quem me pedia paciência, vivi agora uma fase em que o tratamento foi de choque. Calma, espera, tenha paciência. Simplesmente porque eu não tinha outra opção. A vida me segurou contra a parede pelos ombros, me colocou em uma camisa de força num quarto bem pouco acolchoado pra que eu sentisse a dor de cada porrada que minha cabeça dava na parede. E eu fiz sangrar antes de parar de me debater. Me fiz chorar de desespero, da prisão de uma cela que me segurava pelo nada. Nada que eu pudesse fazer. Nada.
Ainda não posso dizer que aprendi, não sei confiar na maestria do tempo, não sei dormir de cabeça gorda. Mas preciso. E nessas horas eu sinto uma morte em vida, como se eu tivesse saído do controle de mim e precisasse não prestar atenção em mais nada enquanto não passa. O nada em mim não habita, o nada troca de lugar comigo na vida. Ou eu ou nada. E agora nada. Que é pra eu morrer de saudades de mim.