boomerang do mercúrio
Coisa que me deixa angustiada é efeito boomerang. Não sei como voluntariamente alguém prefira a repetição infinita retrógrada do boomerang à beleza finita e conclusiva do gif. A vida é um gif mas é um gif engraçado, a vida é o gif da menininha exausta ou do cara loirinho confuso. Cada vez que começa a gente sabe onde vai dar, mas a gente ri do mesmo jeito, talvez mais. É um ciclo, e os ciclos não são prisões porque mesmo dentro de um ciclo que se repete, há elementos novos a serem adicionados. Cada vez que a menininha exausta se joga na cama, a gente joga junto um cansaço mental de um tweet idiota. A gente sai melhor de um gif, pronto pra outro.
Mas o boomerang não, gente. O boomerang anda pra trás, o boomerang é uma involução de tudo que se evoluiu naquele mesmo instante. Dificilmente alguém acerta o ponto do boomerang, dificilmente a ação se conclui, o pulo sempre fica pela metade, a risada nunca é até o final... e aí volta! Regride! Retarda! Dez passos pra frente, dez passos pra trás. O boomerang é horrível, é incompleto e sujo. Sujo, o boomerang é sujo e eu não tenho nenhuma analogia pra esse adjetivo, mas eu quis chamar ele de sujo. Porque o boomerang é o mercúrio retrógrado nas nossas vidas, de uma semana que chega no pico e volta pra trás infinitamente até domingo, quando o mercúrio parar de bobeira e deixar a gente em paz. Cansei do seu boomerang, mercúrio. Vai tomar no seu cu e anda pra frente.