o terror do domingo
É exatamente isso que eu temo que me aconteça para o resto da vida: o temor do domingo. Esse mesmo desespero que eu sinto agora, a cada hora do final de semana que passa. O medo, a tristeza. A segunda-feira vem aí.
Estou trabalhando no Salão do Livro de Guarulhos que começou ontem e vai até o final da semana que vem. Eu só trabalho nos dias de semana, 14h por dia. Isso quer dizer que eu vivi uma sexta-feira de ordinary worker e vou viver uma semana inteira as
sim: trabalhando. Acordando cedo, dependendo de transporte coletivo e não agüentando as pernas. Por isso cada segundo que passa e me deixa mais perto da segunda, eu sofro.
Você deve estar me achando uma grande babaca neste momento. Porque você provavelmente trabalha há anos neste mesmo esquema e eu estou aqui dramatizando 6 dias de vida real - mas eu sou eu, você é você. E você quer isso pra sua vida, eu não quero isso pra minha. Esse não é o tipo de sofrimento que eu quero.
Porque desejar uma vida utópica e livre de problemas é assaz idiotice. Se eu disser que a vida no navio é perfeita, eu estarei sendo escrota. Eu fazia coisas absurdamente chatas e cansativas, que pra você seria um minuto de inferno na Terra, mas que pra mim era simplesmente o lado ruim de uma rotina. Assim como acordar cedo e pegar ônibus é o lado ruim da sua rotina. Que é compensado pelo lado bom de ter um emprego fixo, estabilidade, natal em casa e o caralho.
Pra mim é o inferno. Essa sua rotina, essa exata sensação de que o final do domingo vem de mãos dadas com a tristeza e o cansaço. Isso é o meu inferno.