money makes the world go 'round
Lembremo-nos de uma época vivida onde o esquema era na base da troca. Eu tinha galinhas, você tinha maçã. Aí te dava vontade de comer frango à passarinho e o KiFrango tava fechado. Me dava dor de garganta e acabou meu halls. Você precisava de mim, eu precisava de você. Trocávamos então uma galinha por 4 maçãs e boa.
Daí, pra facilitar a parada, inventaram que um pedacinho de pedra valia: 1 galinha ou 4 maçãs ou 3 cachos de uva ou 2 metros de seda. Só pra facilitar, caso eu precisasse de maçãs e minhas galinhas estivessem ainda chocando os ovos que virariam novas galinhas. Eu te dava um pedacinho de pedra pra eu não esquecer que eu te devo uma galinha quando elas ficarem prontas.
E é isso. Dinheiro é isso. É o catalisador da troca. Você quer uma galinha, não a pedra. A pedra é só um símbolo, dinheiro é só um símbolo. É uma pedrinha que você precisa para trocar pelas coisas que você efetivamente precisa ou quer. Querer as pedrinhas sem precisar trocá-las por nada, pensando somente em acumular a possibilidade infinita de troca é o que eu chamo de despropósito.
Além disso, não consigo concordar completamente com essa tendência humana de querer sempre o mais novo, o maior, o mais moderno, a cor nova. Sei lá, acho que conforto e mimo faz parte de um conjunto de coisas variáveis, que são inerentes a cada pessoa. Umas não ligam muito pra carro mas fazem questão absoluta de ter um notebook manero. Outras moram na merda mas dirigem uma mercedez. Quem sou eu pra discutir paixões, né? Mas tem as pessoas que querem o melhor de tudo e não descansam enquanto não são top de linha em todos os seus pertences. E, por consequência, não descansam at all porque o mundo não pára de parir coisas novas. De chegar ao ponto de nem saber explicar por que precisa trocar de celular se o presente aparelho funciona. Se o carro anda, se a casa acomoda. E é justamente essa necessidade de se superar nas aquisições que leva uma pessoa a viver pelo dinheiro. Pior, esse tipo de pessoa é a grande maioria das que eu vejo por aí. Que têm coração bom, pessoas que eu amo. Mas que se perderam no conceito da troca, da necessidade, da funcionalidade das coisas.
Não estou aqui pra pregar o desapego, doe seus bens à Igreja nem nada disso. A gente precisa sim de dinheiro, precisa de segurança, precisa de independência. Além de precisar suprir necessidades da alma, como esse iPod lindo que eu tenho e amo. Só não entendo por que todo mês a gente tem que guardar pedrinhas se eu nem quero maçã.