AjudaRodrigo

Eu tinha uma visão meio romantizada da vida e da sociedade, pelo menos no Brasil. Eu achava que, com todos os defeitos que eu sei que a gente tem, o preconceito não era um deles. O sexismo, a xenofobia. Nada disso eu achava que existia mais aqui e que aquelas coisas que a gente fala, de lápis cor da pele ou dia de branco eram só resquícios de um passado bosta. Mas aí eu conheci gente que realmente acha - em pleno 2014 - que um negro é menos que um branco pelo simples fato de ser negro. Me deu preguiça.
Só que, sei lá, acho que old habits die hard. Ontem, quando eu vi aquela notícia de que tinha uma ex-modelo morando na cracolândia, eu pensei que haveria um consenso de que poxa, que pena que ela acabou ali mas ela não está lá sozinha, não é um problema isolado. Porque não é possível que com tanto acesso à informação, tantas maneiras de se esclarecer, tanta mistura que esse mundo nos propicia, ainda possa ter gente que acha que o fato de ela ser ex-modelo merece qualquer tipo de atenção diferenciada. Que o lugar dela não é lá, que o problema é que ela acabou ali e não que a cracolândia existe. Pois lá foi o Rodrigo Faro provar que eu estou errada.


Então, à guisa de desabafo, queria mandar uma mensagem que nunca será lida para os telespectadores que se emocionarão com essa linda história de luta:
Porra, gente! Caralho! Dois mil e quatorze! Sabe? Olha a história desse mundo! Olha a que ponto a humanidade já chegou! E vocês ainda tão com essa mentezinha selada à bosta? Tem wifi em praça pública, pelo amor de Deus! Se informe sobre a vida! Leia! Sei lá! Modelo na cracolândia, o problema é a modelo? Puta história de superação? Vamos ajudar essa coitada? Porra!