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Showing posts from April, 2017

um dia cu

A sexta-feira prometia ser cu faz tempo, desde que todos os agendamentos caíram no mesmo dia. Não por coincidência, aliás, porque quando tem que fazer todas as coisas todos os dias, não é que acidentalmente o dia ficou cheio. Todo dia é cheio. Mas sexta-feira trouxe o PET de brinde. O dia começou cedo e com jejum. Um puta jejum. O PET demora 3 horas pra fazer, depois tinha exame de sangue, nesse meio tempo minha mãe não quis dividir um bolo de chocolate comigo aí já me azedou o pé do frango de forma desproporcional. Eu ando azedando desproporcionalmente, mas a situação justifica. E tava frio. O almoço foi no frio, os garçons - que eu acredito que estavam desfalcados por causa da greve - ignoraram a gente por quase 1 hora. Ódio. Daí quimio, resultado de exame não muito bom: mais agendamentos pro final de semana. Que alegria! Eu fiquei tão cansada, tão destruída, com frio e com A PORRA DA MENSTRUAÇÃO QUE AINDA ESTÁ AQUI DESDR O DIA 8 DE ABRIL, QUANDO EU TINHA AINDA APENAS 28 ANOS,

pra não dizer que não falei do vô

Acredito de verdade e sem demagogia que eu esteja passando por coisas que eu preciso passar. Uma doença, uma situação onde eu esteja vulnerável e precise de ajuda, um tiro na minha independência quase arrogante, mas que eu sempre sustentei com a vontade de não atrapalhar ninguém. Em algum nível, era eu não querendo demonstrar fraqueza. O fato de eu não querer encontrar amigos e nem a família enquanto eu estou careca, inchada e debilitada mostra que eu ainda guardo essa mania besta. Que besta! Ao mesmo tempo respiro quase que aliviada por ter uma doença absolutamente cu mas tratável, de onde eu vou sair com o corpo intacto, cicatrizes simbólicas (fora a da barriga) e provavelmente um cabelo mais bonito. Um quadro completamente reversível, que só se instalou no momento que eu tinha segurança, esclarecimento e maturidade suficiente pra aguentar. Além disso, meu avô. Meu avô nunca foi aquele cara parceiro que levava os netos pra brincar ou que a gente quisesse dormir na casa dele. Pel

o desabafo narcísico

Descobri uma vaidade que eu não sabia que tinha em mim. Nunca fui a menina-barbie, só comecei a usar maquiagem quando ela entrou no meu job description do navio. Mas antes disso, e aí é que tá, a falta da maquiagem não pode ser entendida por falta de vaidade, mas só agora eu percebo isso. Eu não usava nada porque me achava suficientemente bonita assim. Quer coisa mais narcísica que isso? E quando eu comecei a me emperequetar mais, foi uma questão de novos horizontes, de ficar mais bonita ainda.  Eu sempre fui vaidosa. O espelho sempre foi meu amigo. Hoje eu sofro de não gostar do que eu vejo e sofro da culpa de um sofrimento tão fútil. De ver pessoas cuja doença deforma o rosto de forma irreversível e me sentir babaca de achar que inchaço é um problema real. Mas é um problema real, é um white people's problem mas incomoda. Todo dia eu sonho com o rosto de antes, com um pouco que seja de cabelo. é ridículo. Nunca pensei que essa seria minha dor, espero do fundo do coração que isso

a vida que você pediu a Deus

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Imagine uma vida sem responsabilidades. Imagine poder ir dormir sem pensar em provas e trabalhos, sem se preocupar com faculdade, professor, seu chefe. Imagine não se preocupar com nada além de você.  Uma vida onde você não lava uma louça, não tira um prato da mesa. Alguém faz isso por você e seria um absurdo se você quisesse fazer qualquer atividade de casa. Qualquer atividade em geral.  Imagine ter sua bolsa carregada nos poucos momentos que você precisa andar, porque o carro te leva pra cima e pra baixo. Sem você precisar dirigir, claro. E tudo que você for comer vai ser preparado com carinho e cuidado, pensando somente na sua satisfação.  Imagine horas e horas de muito sofá, TV, série, filme. Imagine uma vida de Netflix. E com todos seus amigos e familiares te admirando e falando o quão especial você é, te levando presentes, te visitando sempre que possível. Todo mundo cuidando de você, te mimando, querendo te ver bem. Imagine essa vida.

ah para de show

A gente forma coisas na nossa cabeça, a gente constrói realidades inteiras, a gente nutre e vê crescer umas paranóias que alimentamos com fatos e mentiras, regadinho com a ausência da linha que separa uma coisa da outra. Eu faço isso, você também faz. E as vezes essas criações engolem a gente. Pode acontecer pequeno, pode ser você não indo com o santo de alguém sem muito motivo aparente e cada coisa que a pessoa faz reforça sua opinião. Mas quem nunca passou pela situação libertadora de conhecer a pessoa eventualmente, conversar com ela realmente, e perceber que você estava absolutamente errada. E aí todo o ranço cai, desmancha. Você fica até com vergonha de pensar de onde eu tirei que cê era embuste?  É tão normal que a gente crie essas coisas e more dentro delas quanto é normal que de vez em quando a criação toda desmorone. Aliás, é saudável. Aliás de novo, esse é o meu conselho-que-ninguém-pediu de hoje: reavalie a paranóia. Hoje. Agora. E eu vou ser mais específica: reavalie a pa