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Showing posts from April, 2016

Chola Mais

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Esse assunto é batido no meu mundinho fervilhante de últimas tendências de teorias, mas acredito que além-linha talvez seja meio novidade. Aliás, as fronteiras desse meu mundinho são o tema de um post que está por vir, quase pronto no meu coração. Hoje eu vou falar da ditadura da felicidade e de como não entendemos nada o filme Divertidamente. Precisou aparecer uma amiga pra falar e me lembrar de que tudo bem eu estar triste, que a digestão de certas coisas é no ritmo da jibóia. Eu tinha esquecido que era permitido ficar triste e que minha demora afligia o outro só porque o outro não queria a aflição de me ver aflita. Mas cada um com as suas contra-transferências, né? Eu mesma simplesmente me beneficiei desse momento em que a Tristeza comandou as coisas, depois que aquela memória permanente horrosa de ontem apareceu. Já julguei os acusados em voz alta, já percebi o que deles tem em mim que me machuca tanto. Achar que sabe dos paranauês da mente é quase um castigo. A gente se anal

Burnout

A casa andava ligada em tudo, gastando energia por todos os outputs possíveis. Como sempre é, se a gente analisar com olhos sinceros, muito do que era dissipado não precisava ser, eram muitos os ONs e poucos os OFFs. Eis que, ao que todos os avisos foram ignorados, a chave caiu. Tudo apagou, a casa ficou escura. A energia pulsante já não circula, o barulho cessou e o esgotamento silenciou um zumbido vital. Vivo agora aqueles primeiros minutos em que os olhos ainda não se acostumaram com o escuro, corpo inerte até que isso aconteça. Mas é exatamente durante esses minutos que é possível perceber a paz que o silêncio trouxe. Sem toda aquela bagunça, de repente eu consigo me ouvir pensar. Começo a perceber que a vida segue do mesmo jeito e que as imprescindíveis são na verdade desnecessárias e, mesmo desligadas, eu continuo sendo a mesma. Guardo agora essa energia pra mim, me economizo. Sei que a vida assim fica mais sustentável. Quase sinto um medo de precisar religar alguma coisa um d

a angústia dos primos

Eu quero escrever esse post sem o peso do que vão achar. Eu quero começar as frases com "eu" quantas vezes precisar e quero falar de uma culpa que já sai analisada em forma de algum tipo de transferência. Mas que eu sinto. Essa culpa vem de uma percepção nem tão recente mas que bateu na laje hoje, de que eu não conheço a minha família. A gente se dá bem, a coisa do amor tá super envolvida. Mas eles não sabem bosta da minha vida, nem eu deles. Meus primos - minhas primas principalmente - que eu gosto com tanta intensidade sanguínea, não recebem de mim 1/3 da atenção que os meus amigos recebem. Não sei se é porque eles são meus baby priminhos que têm quase a minha idade mas que são crianças pra mim. Não sei se é a distância física que a gente tem. Não sei o que é. Sei que eu queria mudar isso, queria que eles contassem comigo mais, mais do que têm sido. Não duvido que todos saibam do meu amor e da minha abertura, mas também sei que isso não basta. Se bastasse eu desabafaria al

miga minha loca

À eterna dissociação de mim mesma, saiba que eu estou plena em minha recuperação. Melhorando, ou em vias de melhora, quase curada. Talvez não curada exatamente, porque a moléstia que assola minha cabeça muito provavelmente não tenha cura. Ninguém se cura de si, seria loucura. Mas estou em constante busca do controle que te silencia. Você é o grito mudo que acompanha meu desespero, você acelera meu coração e dá ouvidos à minha inconsequência. Você me fode. Ou é a voz do eu fodida. Não sei se é você que me esquenta ou é você que me abana, mas sua presença vive de mãos dadas com todo descontrole. Com você eu vivo desde que eu consigo me lembrar, e dessa memória que hoje não reconhece o almoço de ontem, parece que isso não quer dizer grandes bostas. Mas quer, você é inesquecível, até pra mim. Você estava comigo dentro daquela casa de madeira que eu escalei, acho que com 2 ou 3 anos de idade. Na praia, confabulando. Nas infinitas situações de medo. No prédio do meu primo, na saída do museu