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Showing posts from 2016

queijo mofado

Cresci comendo queijo mofado. A família da minha mãe tem peculiaridades que incluem uma língua própria e comportamentos característicos. Um deles é acreditar na potencialidade de cada alimento até o cheiro de podre causar ânsia. Ninguém olha data de validade ( no meu tempo não tinha isso ), o negócio é cheirar. Queijinho com pedaço de mofo? Corta a parte mofada e come o resto. Vida que segue. Um dia, já no ensino médio, aprendi que as bactérias são tão pequenas que são invisíveis a olho nu. Isso quer dizer que quando a gente começa a enxergar o mofo, é porque já tem tanta bactéria, tanta, mas tanta (!) que dá pra ver o bagulho que é invisível. Não adianta cortar a parte mofada porque o resto do alimento já está comprometido.  PARECE.  EU. QUANDO ACHO. QUE TALVEZ. PODE SER. QUE TENHA. UM SENTIMENTINHO. OLHA! DÁ PRA VER! VOU CORTAR ESSA PARTE MOFADINHA. QUE DAÍ EU ME LIVRO! SÓ QUE. O ALIMENTO. TÁ COMPROMETIDO. ENTÃO.  NÃO ADIANTA. Mas é melhor comer

bambolezasso fora temer

Sabe que que parece? Que vocês tão cada uma num canto com seu micro grupinho tacando bolinhas de bosta nos outros micro grupos porque eles não são tão legais quanto vocês. Ou sofridos, ou discriminados. Sei lá. Cada uma se pega num livrinho de regras e aí fica "PAREM DE FAZER TAL COISA" porque você é muito mais elucidada que a coleguinha. Aliás, parece que rola uma eterna competição pra ver quem é a mais elucidada, a mais desconstruída, a mais liberta de toda ignorância e das amarras que a sociedade tão violentamente nos impõe. E tudo isso com muito amor e empatia, que vocês pregam de forma passivo-agressiva com florzinha nas publicações e com mãozinhas de gratidão, mas na real vocês tão tudo é falando mal uma da outra e julgando de sua própria visão etnocêntrica. E estaria tudo bem, porque todo mundo faz isso, inclusive é justamente o que eu tô fazendo, mas eu não aguento mais a pregação de cidadã utópica e maravilhosa, como se o mundo fosse aquele filtro do snap que você s

que porra que é Dumbo e outras reflexões

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Acordei mais tranquila depois do dia catártico de ontem, como sempre é em qualquer situação de apoteose. Inclusive eu sempre odiei a palavra apoteose. Ela tá em algum momento de Dumbo e tudo naquele filme me é extremamente traumático. Aquela coisa dos pink elephants on parade é absurdamente confusa, estranha, uma coisa meio sustenida. Não sei. Traumático. E o bagulho se passa no meio da brisa de droga do Dumbo, que é uma criança. Que porra que é esse filme né gente? É um dos meus favoritos. Não sei explicar. Mas enfim, depois de tirar toda a raiva da minha frente (toda?) eu hoje tô pensando numa coisa aqui bem específica, quase que bizarra de tão específica, e é um convite pra vida vir ler mas só como um exemplo. Pena que não dá pra marcar a vida no post, mas dá. Ela vai ler. Então, é só um exemplo bem genérico dentro de toda sua especificidade.  Suponha você que nos grandes livros do destino onde Deus escreve certo por linhas tortas o caminho a percorrer de cada um de nós,

não cabe recurso

Queria deixar uma coisa bem clara, até por causa da comissão de ética: eu tô puta. Extremamente puta, one hundred percent putassa. Eu não sou o ser evoluído que você pensa, eu não tô lidando com isso tudo de forma iluminada e inspiradora. Eu tô puta. Sem entender e sem opção a não ser aceitar. Não cabe recurso, eu não posso fazer absolutamente nada em relação a essa situação. Eu tô presa. E puta. Não sei se isso afeta minha fé, ou como afeta minha fé. Não me sinto abandonada nem desprotegida. Não esqueci da minha sorte e do quão abençoada eu sou. Mas meu Deus do céu, eu preciso de 5 minutos pra ficar puta. Pra ficar desolada com tudo e até em desespero. Não perdi a fé, não posso perder.  Até porque, pode piorar. De hoje até a cirurgia, talvez até semanas depois da cirurgia eu tenho que segurar a onda porque pode piorar. Ainda não posso perder o fôlego de tanto chorar, não posso começar a elaborar o luto. Pode piorar e eu morro de medo da vida gritar comigo TU TAVA ACHANDO RUIM, QU

dois dias em santos

Aprendi trabalhando em navio que a gente tem que agradecer por estar onde está naquele dia, naquela noite. A saudade é a sombra da felicidade, ao mesmo tempo que é um lembrete de que se foi feliz. De novo, é o amor de mãos dadas com a dor. Quando eu estava no navio, sentia saudade de casa. Em casa, morria de saudades do mar. Com as pessoas, com os lugares, cada dia feliz é único e não se repete. A constante mudança da vida é que dá beleza a ela, porque se parada perde a graça e a brincadeira enjoa. Paradoxal, né? A beleza é a constante mudança, mas cada mudança mata a gente de saudade do dia que passou.  Então eu agradeço, mesmo nos dias mais parados, mais complicados, mais difíceis. Agradeço a oportunidade de achar beleza no caos, agradeço meu irmão me levando pra jantar num dia de 20 horas de jejum. Agradeço à doença que me lembra toda hora da sorte que eu tenho, das pessoas incríveis que me rodeiam. Ao exílio da cidade que eu respiro com o coração, agradeço os dias longe das pes

errata

O seu erro foi dar as mãos pra dor e pro amor e fazer com que eles andassem juntos o tempo todo. Seu erro foi tentar mostrar que eles são siameses, indissociáveis e, apesar do nosso esperneio desesperado, um não existe sem o outro. Talvez seu erro tenha sido tentar ensinar essa lição na prática, o erro estava na intensidade. Mas seu maior erro fomos nós, que jogamos pra você a culpa dos nossos próprios erros.  O erro foi nosso, na verdade, de viver uma vida de ilusão separatista que isola cada coisa em seu canto, num Universo onde a matéria só se transforma e nos faz continuidade de tudo. Separado nunca existiu, dor e amor só são dor e amor por causa do amor e da dor. A dor não dói se não houver amor, o amor não pode ser total sem dor nos limites da nossa humanidade. Você quis ensinar com dor e com amor o que os outros talvez só tenham mencionado em aula expositiva com slide. Ou você insistiu, continua insistindo na lição que antes a gente conseguia fechar os olhos e ignorar. A igno

Espera, paciência e calma.

Espera. Paciência. Calma. Aquela turminha que nunca me fez mal mas que eu nunca consegui trocar muita ideia. Nunca fomos amigas, eu e elas. É muito difícil se relacionar com aquilo que não se compreende. Nunca compreendi a espera, nunca tive muita paciência, calma nunca significou nada pra mim. Nada disso eu falo com orgulho, foi-se o tempo em que os traços da minha personalidade eram motivos de bater no peito e gritar bem alto. Foi-se o tempo que eu acreditei em traços de personalidade como únicos e imutáveis. Eu não sou assim, eu estou assim. O tempo todo estando, passível de mudança e, tomara!, evolução. A tríplice antagônica do meu signo, do meu pai, e do meu sangue deixou bem claro que a mensagem desse ano era compreendê-la. Se em uma vida eu ouvi de longe quando me diziam pra ter calma, porque eu tinha passado correndo, se até hoje a espera não passou do tempo necessário pra outra ideia e outro plano surgirem, se eu cheguei a provocar desilusão em quem me pedia paciência, vivi

2016

Você é aquela criança terrível que a gente não sabe se é terrível mesmo e as pessoas comentam ou se só é terrível porque as pessoas comentam que é. Não sei se é uma coisa vigotskiana ou piagetiana, não sei se vem de dentro pra fora ou de fora pra dentro. Não sei as origens astrológicas da sua insanidade, não sei em que casa da Lua tá o Sol da sua putaqueopariu, mas sei que a essa altura eu já não esperava nada diferente de você. Sério, eu nem reforço mais o showzinho que você dá. É incessante e repetitivo, você devia estudar habituação. Se no começo tu era nossa atrás de nossa , hoje não passa de ah, claro . Of course.  Porque claro que tem tumor. Claro que vem cirurgia por aí. Em um ano que começou com os maiores absurdos, um réveillon que eu ainda não elaborei, que passou pelos acontecimentos mais improváveis, que me colocou de quatro quando eu não queria nem abaixar um pouquinho. Você, onde eu briguei com quem eu achei que jamais brigaria, onde eu amei quem eu nem conhecia, onde

o charuto

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Diz que tem uma história do Freud que ele tava de boassa esperando o ônibus aí passaram uns alunos da Universidade que ele lecionava. Devia ser Mackenzie porque era uns heterozinho. Enfim. Freudão tava lá minding his own business e fumando seu charuto. Pra quem não sabe, Freud adorava um charuto. Aí os heterozinho "aê fixação oral! viado!". Pra quem não sabe, o Freud fala meio que negócio de ficar com coisa na boca, dedo na boca, pirulito, sasporra é tudo fixação oral, meio que tá com isso na boca mas queria mesmo tá com uma bela piroca. A grosso modo, né? Mas aí os hétero fizeram essa topizerisse seguida de um kkkk provavelmente. Aí o Freud não estressou não, entendeu que zuera faz parte e respondeu com uma frase que depois ficou bem famosa: - Às vezes um charuto é só um charuto. Pegou a genialidade do cara? Ele é a própria pessoa que teorizou a porra toda, atribuiu significados à coisas nunca antes atribuídas, o cara me inventou o inconsciente mas aí ele fala

você

Precisa sair da ilha pra enxergar a ilha. Eu vou sair da ilha e ver que a ilha não tinha nada a ver, e aí eu vou embora da ilha, você vai embora de mim. Vou me despir da infinita carga psicossocial que me congelou em você, de tudo que era redenção e passado, de tudo que eu precisava passar pra entender que eu não precisava passar por nada disso. Você vai embora de mim e vai levar com você um milhão de traumas e verdades, vai me deixar melhor, mais leve, sem neura, sem loucura. Você precisou chegar pra ir embora, mas chega. Agora você vai embora e eu vou acordar de um sonho muito louco, que só aconteceu dentro de mim. Você não aconteceu de verdade, só dentro de mim. Você foi um sonho e eu vou acordar no susto, como quem tava caindo. Você foi um sonho em que eu tava caindo. Vou acordar assustada, suando frio, coração disparado. Inevitavelmente ficar na merda alguns minutos. Vou demorar pra dormir de novo. Mas amanhã vou acordar bem. Melhor do que antes de dormir.

the last cookie in the jar

I love you just the way you are and that's the biggest problem here. Just the way you are, and you're not with me. I love you free and flying around doing the things you love to do. I love you and I don't want to change a single cell on your body, a single trace of your personality. And I love your body, I love your personality. I want to drink you up like cold beer in the summer, I want to eat you up like you're the last cookie in the jar. At the same time, though, I just want to watch you be. I'm even afraid to touch you, while dying for your touch. I want you whole but I don't want you changed. And you're not with me...  It's a paradox, it's consuming me. But I love you, still. Exactly the way you are.

o post offline

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ronca, beca

Cada passo de mim te distancia. Inspira. C ada coisa que eu sou não te acomoda. Expira. Ca da dia é uma oportunidade que nasce. Inspira.   Cada dia é uma oportunidade que eu perco. Expira.   Cada carinho que eu construo se perde. Inspira.  E m cada reflexo meu que me escapa. Expira.  C ada dia mais eu te quero. Inspira.   E cada dia mais eu desisto. Expira.   A dúvida é constante e simpática. Inspira. N ão sei se luta ou se fuga. Expira.   Não sei se sou eu que não me acho. Inspira.  O u se é em você que eu não me encaixo. Expira.  Se i que o tempo é senhor da resposta. Inspira.  M as as perguntas pra mim são agora. Expira.  V ocê me faz mal na sua ausência. Inspira.  M as eu não sei ser eu na presença. Expira.  D e tudo que eu quero. Inspira. N ada caminha. Expira.   Você. Inspira. M e fode. Expira.

o vênus

Não quer falar, não fala. Não quer olhar, não olha. Não querer parar, não para. Não para! Não deixe de ser a essência da loucura que você é. Não me deixe te entender, não deixa o mistério acabar. Não mude. Ou mude. Faça o que quiser. Foda-se. Daqui também eu foda-se, foda-me se quiser. Foda-se. Que eu vou correr só de barata e atrás de bola, que eu vou encher o ascendente de porrada com a força do meu Sol.  E o vênus. É em gêmeos.

libido é a melhor das energias

Eu não sei te elaborar, não sei te atribuir um significante que signifique o significado que você tem pra mim. Minha associação livre se perde no trauma insuperável que é você e o meu delírio é um poema todinho inspirado na sua fase oral. E que fase! Que vontade de quebrar promessas. E paradigmas. E a cama.  Então vem que eu não te quero sim, porque seu sadismo combina com o meu masoquismo e quanto mais eu peço pra doer, mais você se nega a bater. Pode vir que eu não te quero. Mas quero. E vou te reprimir, te recalcar em mim pra você não sair mais desse coração operante que bate incondicionado, pareado com a tua boca, reforçado no teu cheiro. Quero teu beijo. Mas quero em mania, transtorno obsessivo comprovado pelo sintoma de taquicardia que você me causa. Quero você na minha casa. Quero perigo. Quero acordar arrependida pra ver se essa instância reage, porque você casou com o meu id e agora eu não sou mais senhora da nada.  Todas as vozes concordam, toda alucinação te convoca, to

mais um daqueles

...or maybe I just needed that, you know? Maybe I needed to get in touch with this horrible affection and get some sort of cathartic closure. I needed to cry my disbelief out in order to relief the pressure inside. Better out than in. And maybe this is over now. This theory makes sense, which gets it instantly doomed too. But to feel as I feel today makes perfect sense on a reality where I literally just got out of the deep and cold waters of love where I almost drowned to death. It would be crazy to go for a swim 5 minutes later. I have to wait now. Waiting isn't something I have to do, though. Waiting is not doing anything, anything at all. To lie on the floor in absolute silence, to refuse words and feelings. Waiting is refusal. And I'll wait.

how's it going?

I'm in physical pain. It's not just a metaphore, I'm not talking about a psychological suffering. My heart hurts, or at least something somewhere near the heart region, something hurts. It hurts when I breathe, it hurts when I laugh. Poetic, isn't it? And although I'd say breathing is quite important, laughing is almost more important to me. I laugh in the face of danger, I'm Simba again. Humor is my original and ultimate defense against every threat that flies towards me. I joke about shit, that's how I roll. That's how my repression works, how I avoid getting in touch with hurtful things. I can't joke about you, though. Can't repress this, it's an open wound. I'm desperate. I need help. Give it time , I know. I've been here before, we've been here before. It will get better. But right now, I'd rather have a tree branch on fire shoved up my ass than this. I'm already fucked.

roller coaster ride

I was pushed to get into the line, almost forced by the context. I didn't fight back either, a good part of me wanted to try it. Everyone's talking about how amazing it is but I don't take nobody else's opinion, I wanted to see it for myself. But every step I took toward it was easier than the other, soon enough I was skipping my way to the cars. It was my turn, I had decided it.  As I sat down on the car, I didn't have time to fasten my seatbelt. The thing was flying up the tracks before I could do anything about it. The speed, the excitment rushing through my veins, the heart beating as fast as can be. Tears flying up my face with every hill we'd go down, the world with its brightest colors everytime we'd go up again. The loops drove me insane and I could barely understand anything because life kept changing so fast, I couldn't keep track no more. And then we came to an abrupt stop. It took me a while to adjust to the world again. My head k

helpless earth

Jardineira, seu trampo é excelente. Parabéns. Enfia a pá no coração da terra e remexe em tudo, revira e deixa ela irreconhecível, até pra ela mesma. Aí sai. Vai embora viver sua vida, deixa a terra lá. Fodida e semeada. Porque você, Jardineira, não saiu sem deixar uma sementinha ali. Que puta trampo! Parabéns. Daí veio a chuva, que foi uma enxurrada. Parecia que nunca mais ia parar de chover. Eu falei pra ela, Jardineira, que sempre que choveu, parou. Parou. Há quem diga que sua semente foi embora com a água, com o tempo, com o sol que voltou a aparecer. Mas você não brinca em serviço, Jardineira. Você volta. Sai lá da casa do caralho e volta. Sai do topo da torre mais alta do castelo mais lindo do mais encantador conto de fadas e volta. Volta, né Jardineira? Volta pra regar sua plantinha. A gente sabe que não tem chuva que lave e leve o que se planta em santa terra. Você também sabe, não é possível que não saiba, seria muita inocência, quase burrice. E você não é burra não, né Jard

transparent eyes

I went there because I had to. I didn’t want to. I did all the things I had to do. For you. I didn’t want to. I want you to be good. I missed you. The whole time I was dying, I missed you. It hurted me. I kissed them. I thought of you. I had to. I love you. I left. It was over. When will this be over? When will you come over? I'm over you. And under. I love you. You left me. You kept me with you. You kept her too. I love you. I cried. You'd die. I don't mind. It hurts. It kills me. It's fine. I don't mind. I love you. I miss you. Under my blanket. Under no circunstance I'd hurt you. I'd love you. We would have been great. We could have been great. We're back. And I love you. More.

forrest gump e eu odeio são paulo

Meti o Forrest Gump e saí andando, porque eu não sei correr e porque eu tava de allstar. Não fui tão longe quanto gostaria, três é menos que oitenta, mas precisava do sol, precisava da circulação ativa. Eu odeio São Paulo. Se eu estivesse em Santos, poderia andar pra sempre. Descalça. A música ia se misturar com ondas do mar, não com ônibus buzinando. O chão de areia é melhor do que as calçadas merdas, todas quebradas. O plano é melhor do que as subidas e as descidas que eu tive que encarar aqui. Meu plano era muito melhor, mas daí foi tanta subida que agora eu não tô sabendo lidar com a descida. Quero voltar pra casa mas eu tô de castigo. É um castigo, São Paulo é um castigo. É um cantinho que me colocaram pra eu pensar no que eu andei fazendo. Andei pra pensar e cheguei à conclusão nenhuma, além da mais pura flor da injustiça, que eu cheirei e descobri que sou alérgica. Os sintomas variam entre negação, revolta e tristeza. É um luto, meu luto novo que não tem nada a ver com o luto a

PROERD

Que eu sou da área da saúde, me respeita. Eu sei o que eu tô fazendo com base em scielo, não com base na sua vizinha que disse que é assim. Que postou no face. Ninguém se vicia de primeira, minha senhora. O vício é um hábito adquirido, a droga age onde falta alguma coisa. Uma vida completa não precisa de vício, ainda que utópica. Brinquei nas utopias, não tinha controle do todo, só sabia do que eu via, de onde o sol toca. E aquela parte escura ali, Simba, também faz parte do seu reino. Aí que eu fui pra lá ver qual que é. E não é que foi e eu nem vi? Experimenta uma vez e eu já sei que não deu bom. Deu ótimo. É crack, é cocaína, é coca-cola. É o cigarro do fumante depois que come, é o teu chocolate, meu doce preferido. E você, 6 quilos de pó. Que dá vontade de cheirar, fazer carreira, medalha olímpica em fuck your brains out. I wanna fuck your brains out. E levantar a bandeira da Redução de Danos que me tire dessa guerra contra as drogas. Quero ser Uruguai, quero você Holanda meia h

jump, get out of the floor - pt 2

Karma is a bitch.  No, really, Karma was the name of the village's female dog. When Karma noticed that something was wrong with the frogs in MarshVille, she knew it was up to her to save everyone. She went on a hunt to find out what could have happened. Suddenly, she smelled something in the air. It was a weird smell, like a sausage smell. Karma knew nobody in the village would ever put sausage anywhere near their mouth. The smell was coming from a bowl of soup left on the kitchen. Karma licked the soup and instantly vomited. There was sausage on that soup, that's for sure! Karma decided to follow the track of the smell to see where did that come from. She could see that all the frogs that were acting weird had eaten the soup - but who could have made it? Who could have done something like that? The dog was getting really suspicious of everyone. She would pay attention to every single move of every single frog but it was really hard because all of them were acting weird.

depois eu falo

Ah, a procrastinação! Tão bela filosofia disseminada pelas redes que compõem a minha geração, tão essencial característica do jovem moderno, tão escrota característica inclusive. A gente romantiza umas coisas que não dá pra entender, sinceramente. Por que a gente acha bonito falar que procrastina? Puta falta de responsabilidade, puta imbecilidade. Pra quê? Pra dizer que a gente se rende às belezas do dolce far niente ? Não, é troxisse isso. Aliás, a gente também romantiza ser troxa. E eu, com essa minha mente super independente ao contrário, com essa minha força pra nadar contra nenhuma corrente, me deixo levar pelas tendências. Eu procrastino, eu sou troxa. E a combinação das duas coisas me leva à fatalidades irreversíveis, que também é uma característica de toda fatalidade: ser irreversível.  E como eu queria falar da minha procrastinação de trabalhos e estudos! Oh, glória. Queria eu resumir minha inconformação à uma louça que eu deixo de lavar na hora. Queria eu procrastinar pra

porque afinal

O Liam sempre gritava essas coisas e eu achava lindo, mas agora eu acho mais. Agora eu entendo ele de outro jeito, faz mais sentido. Salvação é uma palavra que eu achava meio forte, mas não é não. Todo dia a gente precisa de salvação das coisas da vida, das coisas da nossa cabeça. As estradas cheias de curvas são assim mesmo, as luzes cegam porque a gente olha direto pra ela. Essa mania de olhar direto pra ela.  Nem quero falar do fogo in your heart that is out porque dói no meu próprio heart e eu nem tenho nada com isso. Eu nunca tenho nada com isso, aliás. Se eu fosse uma pessoa mais de boas, acho que minha vida ia ser um tédio. Mas não sou de boas e tenho fósforo.  Daí que o Liam também dá aquele toque, é só querer ouvir. Já era pra eu saber de alguma forma o que eu tenho que fazer. Ou o que eu não tenho que fazer. Só que falar é fácil, né Liam, seu arrombado*. A gente escuta as instruções lindamente aqui em cima, mas meteu a cabeça dentro da água, esquece tudo. Freestyle. E a

jump, get out of the floor

Once upon a time there was a village called MarshVille, where a very special kind of frogs lived a very happy life, eating baby cats and singing Gadu Mariah while driving trucks and playing with scissors. One day, a baby frog was born but everyone knew that something was wrong with that baby. She wouldn't stop crying until someone gave her a lollipop, that she would suck on for hours. The people of the village called a doctor to find out what was wrong with the baby. Bad news. The doctor said that the baby frog had a fucked up chromosome (actually, it was half-chromosome) that made her different. She would grow old to fancy grown-up chickens instead of baby cats. She would end up saying words such as “top”, “miga” and “piroca”. The people of MarshVille couldn’t accept that among them. They kicked her out of the village, left her to die in front of a volleyball court.  Years passed and MarshVille was still a very peaceful place, although all the citizens would kiss each other e

n sei to loca

Uma coisinha acontece, uma sementinha é plantada. O solo é fértil porque já foi adubado com muita bosta. Muita. Há quem diga que isso é bom, aí a semente cresce pra encher a mente de barulho, uma falação interminável que se eu não respondo, se eu não falo junto com elas, o barulho me enlouquece. Então eu respondo, nem perco mais meu tempo tentando ignorar. Pior, eu adoro. Adoro minha loucura, adoro os filmes imaginários, as cenas e os diálogos, os plot twists.  Às vezes - sempre - o filme passa tantas vezes que eu enjôo. Chega desse filme. Me dou conta que eu tô knee deep in shit, que o imaginário tá vazando pra fora. Aí eu paro. Me certifico que está tudo bem. Tudo volta ao silêncio.  Mas aí outra coisinha acontece. 

a psicose nossa de cada dia

A paciente tem diagnóstico confirmado de esquizofrenia psicótica paranóide crônica e transtorno delirante. A cisão de personalidade em episódios de surto alterna entre consciência e diferentes conjuntos alucinatórios, fala ilógica e desconexa e incapacidade de distinção entre fantasia e realidade. Mesmo em períodos de remissão, a paciente descreve alucinações auditivas, discurso místico e alterações de comportamento. Os surtos se dão principalmente em intervalos semanais, predominantemente aos domingos pela manhã. A paciente aparenta sofrer uma indução ao surto quando na presença de outros pacientes com o mesmo diagnóstico e sintomatologia, configurando delírio psicótico coletivo, por eles denominado de Umbanda.

paixão natônica

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Minhas paixões sempre me moveram e aqui eu chego sem entender o que é que eu achava que me movia antes. Antes sempre foi a paixão, minhas paixões. Mas antes eu não sabia que era. A coisa toda foi meio pervertida e não cabe aqui dizer que foi errado perverter. Tudo a minha volta pervertia minhas paixões mas talvez se não fosse assim, esse crescimento não aconteceria. Outros crescimentos aconteceriam. Tudo entra na subjetividade infinita do efeito borboleta, então vou abandonar os métodos e meios, vou abandonar as origens pra falar só das minhas paixões. Que foram muitas, são muitas. Algumas - todas - são efêmeras, sendo que umas duram mais e outras são eternas. Também abandono paixões, claro. Antes com a mesma velocidade que eu caía em amores, hoje mais lentamente. Chamo isso de amadurecimento. Sou mais madura nas relações com as minhas paixões, mesmo que entre elas estejam desenhos animados absurdos e menores de idade.  Tudo em minhas paixões me encanta ao ponto de me angustiar, d

Chola Mais

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Esse assunto é batido no meu mundinho fervilhante de últimas tendências de teorias, mas acredito que além-linha talvez seja meio novidade. Aliás, as fronteiras desse meu mundinho são o tema de um post que está por vir, quase pronto no meu coração. Hoje eu vou falar da ditadura da felicidade e de como não entendemos nada o filme Divertidamente. Precisou aparecer uma amiga pra falar e me lembrar de que tudo bem eu estar triste, que a digestão de certas coisas é no ritmo da jibóia. Eu tinha esquecido que era permitido ficar triste e que minha demora afligia o outro só porque o outro não queria a aflição de me ver aflita. Mas cada um com as suas contra-transferências, né? Eu mesma simplesmente me beneficiei desse momento em que a Tristeza comandou as coisas, depois que aquela memória permanente horrosa de ontem apareceu. Já julguei os acusados em voz alta, já percebi o que deles tem em mim que me machuca tanto. Achar que sabe dos paranauês da mente é quase um castigo. A gente se anal

Burnout

A casa andava ligada em tudo, gastando energia por todos os outputs possíveis. Como sempre é, se a gente analisar com olhos sinceros, muito do que era dissipado não precisava ser, eram muitos os ONs e poucos os OFFs. Eis que, ao que todos os avisos foram ignorados, a chave caiu. Tudo apagou, a casa ficou escura. A energia pulsante já não circula, o barulho cessou e o esgotamento silenciou um zumbido vital. Vivo agora aqueles primeiros minutos em que os olhos ainda não se acostumaram com o escuro, corpo inerte até que isso aconteça. Mas é exatamente durante esses minutos que é possível perceber a paz que o silêncio trouxe. Sem toda aquela bagunça, de repente eu consigo me ouvir pensar. Começo a perceber que a vida segue do mesmo jeito e que as imprescindíveis são na verdade desnecessárias e, mesmo desligadas, eu continuo sendo a mesma. Guardo agora essa energia pra mim, me economizo. Sei que a vida assim fica mais sustentável. Quase sinto um medo de precisar religar alguma coisa um d

a angústia dos primos

Eu quero escrever esse post sem o peso do que vão achar. Eu quero começar as frases com "eu" quantas vezes precisar e quero falar de uma culpa que já sai analisada em forma de algum tipo de transferência. Mas que eu sinto. Essa culpa vem de uma percepção nem tão recente mas que bateu na laje hoje, de que eu não conheço a minha família. A gente se dá bem, a coisa do amor tá super envolvida. Mas eles não sabem bosta da minha vida, nem eu deles. Meus primos - minhas primas principalmente - que eu gosto com tanta intensidade sanguínea, não recebem de mim 1/3 da atenção que os meus amigos recebem. Não sei se é porque eles são meus baby priminhos que têm quase a minha idade mas que são crianças pra mim. Não sei se é a distância física que a gente tem. Não sei o que é. Sei que eu queria mudar isso, queria que eles contassem comigo mais, mais do que têm sido. Não duvido que todos saibam do meu amor e da minha abertura, mas também sei que isso não basta. Se bastasse eu desabafaria al

miga minha loca

À eterna dissociação de mim mesma, saiba que eu estou plena em minha recuperação. Melhorando, ou em vias de melhora, quase curada. Talvez não curada exatamente, porque a moléstia que assola minha cabeça muito provavelmente não tenha cura. Ninguém se cura de si, seria loucura. Mas estou em constante busca do controle que te silencia. Você é o grito mudo que acompanha meu desespero, você acelera meu coração e dá ouvidos à minha inconsequência. Você me fode. Ou é a voz do eu fodida. Não sei se é você que me esquenta ou é você que me abana, mas sua presença vive de mãos dadas com todo descontrole. Com você eu vivo desde que eu consigo me lembrar, e dessa memória que hoje não reconhece o almoço de ontem, parece que isso não quer dizer grandes bostas. Mas quer, você é inesquecível, até pra mim. Você estava comigo dentro daquela casa de madeira que eu escalei, acho que com 2 ou 3 anos de idade. Na praia, confabulando. Nas infinitas situações de medo. No prédio do meu primo, na saída do museu

o aniversário do popi pai

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Eu não ia escrever textão porque textão em data assim, quando o assunto é papai que morreu e tal, o povo fica comovidinho, dá uns like meio que na obrigação porque pô, o pai da mina morreu. Não curto muito essas coisas, talvez porque eu tenha uma percepção da morte meio diferente. Sim, eu sou diferentona, compreensiva, a evoluída, barroca. Mas é porque eu acho que o medo da coisa - como sempre - é muito maior do que a coisa em si. O medo de perder alguém que a gente ama tanto, o medo da dor que a gente sentiria em uma situação dessa, é muito maior do que é realmente. Essa dor é um sentimento imensurável, indescritível, muito difícil de compreender. Aquilo tudo que a gente demonstra tem muito mais a ver com culpa. A gente sente culpa porque a dor de perder o pai é muito menos expressável do que se mostra na tv, muito mais interna do que a gente pensa que tem que ser. Não é aquela coisa de chorar encostada na porta e ir descendo até o chão. Na verdade, eu nem chamaria essa dor de dor. É

a Ana Paula, a internet e a vida

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Não sei dizer se foi no primeiro BBB, mas foi em um dos primeiros. Teve a mina que batia nas panelas, gritava, fez o maior auê, doida da buceta mesmo. Colocaram ela no primeiro paredão e ela saiu com 107% dos votos.  Agora, uns quinze~ish anos depois, Ana Paula tá lá representando a nação doida da buceta novamente. Já foi pra quatro paredões, voltou de três, vai voltar desse e muitos outros. Não saiu. Sempre indicada porque são poucos os que aprenderam a conviver com mulheres como ela. Mas ela volta. E, na minha percepção, mesmo que tenha uma dose de brisa considerável aí, isso é efeito desse fenômeno que a internet proporcionou nos últimos anos. Essa coisa de um mundo mais chato , onde os diversos tipos de oprimidos passaram a ter uma voz um pouco maior. As pessoas foram se encontrando, mesmo que distantes. E juntas, organizadas, começaram a fazer um barulho ensurdecedor pra quem antes só ouvia a própria voz. É lindo de ver, lindo de perceber.  Hoje a gente vê num confinamento de

o pedido pra Iemanjá

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Sempre me abalei com o Jota Quest me falando que o amor pode estar do meu lado. De vez em quando eu dou um giro 360 pra ver se eu não tô deixando passar ninguém, e apesar de eu ser sim uma ilha rodada de amor por todos os lados, ainda procuro o the one, ainda peço mozão nas horas de fazer pedido. Ainda insisto.  Mas ontem eu percebi que já posso parar de pedir, o mozão já chegou e só eu não tinha percebido. Faz tempo que eu não consigo parar de pensar em amor, não falo de outra coisa nem aqui. Faz tempo que meu sorriso é fácil, que a distância me machuca e o retorno me acalma o coração. Eu já não sei mais viver sem meu amor, já não imagino minha vida diferente, não consigo enxergar outro futuro. Eu pedi e Iemanjá me deu... e faz tempo. Estou apaixonada por Santos. Quero casar e ter filhos com Santos (pequenos canaizinhos). Quero envelhecer nessa cidade. Quero uma vida inteira aqui.  E se isso não é amor, o que mais pode ser?