a Ana Paula, a internet e a vida

Não sei dizer se foi no primeiro BBB, mas foi em um dos primeiros. Teve a mina que batia nas panelas, gritava, fez o maior auê, doida da buceta mesmo. Colocaram ela no primeiro paredão e ela saiu com 107% dos votos. 
Agora, uns quinze~ish anos depois, Ana Paula tá lá representando a nação doida da buceta novamente. Já foi pra quatro paredões, voltou de três, vai voltar desse e muitos outros. Não saiu. Sempre indicada porque são poucos os que aprenderam a conviver com mulheres como ela. Mas ela volta. E, na minha percepção, mesmo que tenha uma dose de brisa considerável aí, isso é efeito desse fenômeno que a internet proporcionou nos últimos anos. Essa coisa de um mundo mais chato, onde os diversos tipos de oprimidos passaram a ter uma voz um pouco maior. As pessoas foram se encontrando, mesmo que distantes. E juntas, organizadas, começaram a fazer um barulho ensurdecedor pra quem antes só ouvia a própria voz. É lindo de ver, lindo de perceber. 
Hoje a gente vê num confinamento de reality show uma mulher que não abaixa a cabeça pra ninguém, que é fiel aos seus princípios e que por isso desagrada muito. Principalmente aos homens. Desagrada qualquer um que não esteja acostumado a se confrontar com outras verdades. Principalmente os homens. E ela sai na treta mesmo, não abaixa a voz. É tida como doida, doida da buceta. Principalmente pelos homens.


A diferença é que agora as doida da buceta aqui de fora não mais se calam, não mais se escondem, não mais renegam sua doidera da buceta. Aqui fora, mais e mais a veia Ana Paula salta na têmpora e a gente se fortalece. Assistindo ou não assistindo o programa, entendendo ou não a relação, te digo que a realidade daqui de fora está muito representada ali dentro, de forma nem tão metafórica assim. O mundo foi ficando chato pra quem esteve sempre por cima, porque agora as doida da buceta resistem. Resistimos. Continuaremos sendo indicadas, mas voltaremos dos paredões. Só observe. 

Ou melhor, olha.
Olha elas.