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Showing posts from 2021

o feminino de Marília Mendonça

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       Mais que a sua voz, Marília, suas letras, seu talento, o tanto que você sente e sofre, o jeito que você bebe. O seu jeito. Que não é nada específico, não se define melhor do que simplesmente chamando de seu. Ali quando eu também comecei viver do meu, ver você vivendo do seu me inspirava. Daí eu queria sentar com você pra tomar cerveja e rir de bobagens, eu sei que a gente seria muito amiga, eu me via em você. Não que eu cante nem componha, não que eu toque violão. Não sou goiana nem loira, nem nada. Mas em um nível subjetivo maluco, cada dia mais eu me via em você. Cada dia mais eu gostava de você porque também gostava mais de mim. Planejei te contar tudo isso quando a gente se encontrasse, eu tinha certeza absoluta que te encontraria um dia. Cansei de ensaiar no banho o que eu te diria quando esse dia chegasse. Não sei o que fazer com isso agora.       Quando morre alguém que a gente ama, morre uma parte da gente junto. Com você morreu um pedaço meu que eu tinha acabado de conh

Carta ao Mestre

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     Querido Mestre,      Resolvi escrever pra te contar que ainda ano passado entrei em uma viagem incrível e dolorosa,  que começou quando ouvi de Karen rindo o que se conta chorando, de coisas que nunca tinha ouvido mesmo eu também sendo de Umbanda. Ali com cara de besta, depois de considerar as mais improváveis justificativas, me dei conta da minha branquitude. Não sei se pela primeira vez, mas com certeza pela última primeira vez. Não consigo mais desver, desaprender, andar pra trás. Nem quero. A angústia permanente que sinto tem mesmo que ficar aqui e nada do que eu te conte eu faço pra aliviar esse peso. O peso me move pra frente, me tira a paz que nenhum de nós deveria ter.       Nesse caminho eu li Pretitudes trazendo pra minha profissão e fui introduzida a uma psicologia antirracista. Fui ler Galeano pra passar um ódio decolonial e com as Ladinidades fui saber mais do velho barbudo, inclusive pra criticar e fazer nascer a vontade de revolução que o Jones mantém viva. Fui ouvi

Hoje

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Nesse momento agora, o lençol limpo, o ventinho fresco de uma lua cheia invadindo o quarto. Eu indo dormir com o meu cachorro (o meu cachorro!) convocada por Cubatão, depois de um final de semana perfeito, com o chá de bebê do Pedro. Amanhã talvez eu surfe. Amanhã eu não sei, mas hoje. Nesse momento agora. Tudo está bem.