Posts

Showing posts from 2017

o dinheiro

O dinheiro já tinha perdido a relevância pra mim antes, no navio. Apesar do salário ser um dos maiores atrativos pra embarcar, quando se está lá privado de uma caralhada de coisas, ele perde o valor. A gente saía pra comer sem perguntar o preço de nada, a gente não tinha dó porque o prazer das comidas ou das coisas era muito maior do que o valor do dinheiro. E quando dá na telha de ir embora, salário nenhum segura a pessoa lá.  Dessa vez foi diferente, durante o tratamento. Um dia passou na tv não sei o quê de sorteio que ganhava 1 milhão de reais. Aí eu parei pra pensar que mesmo que eu ganhasse aquele dinheiro, a minha vida não ia mudar absolutamente nada, meus problemas continuariam ali e o tratamento seguiria. Meu sofrimento não mudaria, nem diminuiria. E vou te falar que não ser uma questão de dinheiro é uma das coisas mais desesperadoras que tem. Porque em última análise, os problemas em geral têm relação com falta de dinheiro. Mesmo quando se tem muito, a ganância inerente ao

prólogo

Image
Quando eu era pequena, assistia Cartoon Network absolutamente todo dia, o dia inteiro. Eram os melhores desenhos, a melhor programação. Até assistia alguns desenhos da Nickelodeon mas Cartoon veio antes, o amor era mais forte. Tenho várias memórias envolvendo Johnny Quest, Speed Racer e Scooby Doo na madruga, que provavelmente era umas dez da noite, mas parecia madrugada. Em algum momento dessa fase que eu não lembro muito bem qual, passava tipo uns curtas, entre um desenho e outro. Eram histórias meio macabras, meio bizarras, muito envolventes mas quase inacreditáveis. E elas sempre começavam com o narrador dizendo: - Esta é uma história verdadeira, aconteceu com um amigo de um amigo meu.

porquê eu detesto papinho de hospital

Quando você está com as mãos vazias, é fácil pensar em ajudar uma pessoa cheia de sacolas. De alguma forma eu imagino essa metáfora melhor se forem bolas, aquelas de borracha que ganha no posto. Coloridas. É fácil pensar em ajudar uma pessoa com várias bolas dessas na mão se você está com as mãos vazias. Eu mesma estou estudando bastante pra ser uma profissional que retira ou segura as bolas coloridas das mãos das pessoas, em diversas situações. Nesse dia eu estarei sem nada nas mãos. Nesse dia eu vou poder verdadeiramente ajudar. Mas no momento, senhora, eu estou aqui com várias e várias bolas coloridas e saltitantes nas mãos, elas caem às vezes, é um cu de pegar. Eu tenho de todas as cores e alguns dias eu tô carregando poucas, outros muitas mas eu tô sempre carregando alguma. Aqui, no hospital, todo mundo tá com a sua própria carga. Então não venha jogar suas bolas em mim, eu não quero e não posso te ajudar a carregar. Esta foi a maior demonstração de egoísmo que eu já post

não te demores

Image
"Onde não puderes amar, não te demores" Sempre pensei que a Frida falava de amor romântico, pra gente sair fora de relacionamentos que não eram de amor verdadeiro. Nunca dei bola pra esse tipo de coisa, esse tipo de frase. Nunca gostei muito de generalização de relacionamento, papinhos assim me cansam. Mas um dia percebi que minha guerra é com o meu ódio, que se eu não presto muita atenção em mim, eu reclamo demais, falo de coisas ruins, eu julgo. Sei que não posso, que não faz bem pra mim. Tento emanar amor a todo tempo, mudo o pensamento quando não consigo pensar o bem. As vezes o amor não brota, então eu simplesmente mudo o foco. Não me demoro. E tomo uma graça nova por essa frase que talvez não tenha é nada ver com boyzinho, né Fri?

Dona Hilda

Quero aproveitar os pensamentos que eu tive ontem, voltando do luau, que foram uma explicação muito maravilhosa sobre como funciona o mundo. Mas como eu tava alucinando, talvez não saia. Mas vai sair. A gente faz visitas em Trabalho em Saúde. A gente faz visitas em uma caralhada de matérias nessa faculdade, o que é ótimo. Saúde pública rocks. Mas essas experiências têm se tornado repetitivas em vários fatores, apesar da infinidade que cabe dentro da vida humana. Justamente essa infinidade de possibilidades de existências me fez pensar sobre sofrer a dor do outro. E misturou com um pensamento meio babaca, que virou um post meio prepotente, que na verdade terminou bem. Basicamente eu não sei da sua dor, você não sabe da minha. Eu tenho aqui meus problemas que são socialmente gold! Câncer, caralho! Ninguém discute, ninguém nem compete, nem tenta vir pra mim e falar "ah não mas nossa eu tenho hemorróida, acho que é pior". Só a que a real é que talvez eu sucumbiria completame

a brisa que eu tô vivendo

Image
Vai parecer zuera esse texto porque eu tenho um certo histórico, e na verdade não tem muito problema de parecer zuera. Porque talvez seja. Mas não é. Depende do curso que você faz, dá pra chamar de psicose. Em um curto espaço de tempo, que eu diria que é menos que uma semana, eu passei por dias extremamente difíceis e esquisitos. Até escrevi aqui, postzinho bem pesado que talvez tenha marcado qualquer coisa de começo da brisa. Acredito que eu tenha passado por muita dor física e literal, dor desesperadora. Eu não sou uma pessoa forte e resistente à dor, eu fico desesperada ao menor sinal e, de repente eu sentia muita dor. Sei lá porque, mas no joelho. E eu sabia que o que tava causando a dor era um remédio profilático que eu tinha começado a tomar, cuja bula não mencionava nenhum tipo de dor mas que eu vivi coisas suficientes pra acreditar nas sensações meio inexplicáveis que a gente tem. São conjuntos de micro-condicionamentos, na verdade, que é bem científico. Ou são processos do in

dias piores

Este é mais difícil porque fala de depressão, que eu tenho. A depressão quer dizer que a pessoa não consegue enxergar um propósito para si em determinado momento, que é exatamente o que acontece comigo hoje. Hoje. Hoje é impossível para mim sentir verdadeiramente que essa condição vai passar, no sentido mais puro e sincero que eu poderia descrever. Falando de sentir, honestamente.  Existe um outro lado, existe o mecânico. Existe o fato de que eu tenho uma consciência pautada em experiências anteriores de que isso é uma fase, que são dias ruins e que isso vai melhorar. São fatos aos quais eu me apego racionalmente e que evitam o desespero. É o único motivo pelo qual eu não estou desesperada, por conta da lógica. Racionalmente eu sei, dentro do meu coração eu não sinto. São dias ruins. Mas são dias que parecem que pioram ao invés de melhorar, em que eu vejo minhas pernas cada dia mais finas, respondendo cada vez menos aos movimentos. O cansaço beira o absurdo, é ridículo. E o inchaç

da minha petulância

Ó, eu não vou mentir não, as vezes me bate uma vibe meio que de superioridade em relação às pessoas. Acho que é normal, né? Comum. A gente não pode se deixar levar nem achar que tá certo isso mas não posso negar que eu sou escrotinha às vezes sim. Reconheço. E reflito. De vez em quando eu leio você ou eu ouço você e eu penso que mano, você não ia aguentar 5 minutos na minha pele. Que puta petulância a minha, mas as vezes sua dor me parece tão tão banal que como pode? Antes isso me incomodava bastante. Aí eu parei pra pensar na sua dor e na medida de todas as dores: que não tem. Simplesmente a métrica não se aplica a uma regra, a gente não consegue enfiar na mesma latinha a sua e a minha. E aí eu penso que eu também não aguento 5 minutos da sua dor não, meu casco engrossou na parte que a onda batia em mim, só em mim. Da sua onda eu não sei nada. Daí por isso eu queria te pedir perdão pela minha petulância, pedir paciência pra sua angústia e pedir amor pra sua caminhada. Queria te ofer

a paciente

A primeira coisa que eu virei quando me tornei paciente foi paciente, de paciência. Essa brisa incrível um dia bateu pela ideia da Liz e de repente muita coisa, quase tudo fez sentido pra mim. Virar paciente é ser absolutamente roubada da sua própria vontade sobre muitas coisas, ser reduzida do seu livre arbítrio primordial. Você, e Freud já cantava essa bola há mais séculos, descobre que não é senhora da sua própria casa. Quem é, né, na verdade? Quem realmente tem controle sobre as circunstâncias de tudo? Mas talvez num diagnóstico meio repentino a coisa seja um pouco mais bruta, sei lá. Quero puxar pra minhas glórias aqui. Porque eu beirava o absurdo da impaciência, eu entrava em parafusinho de metal só de imaginar qualquer situação que fugisse ao meu controle, ao meu tempo, à minha pressa. E que delícia que foi hoje, gente, perceber que eu sarei disso aí, que eu tô melhorando pelo menos, na pura serenidade de enconstar na cadeira e pensar: tem que esperar, né? É libertador, eu

meias brisas

Tem umas coisas que parecem tão óbvias na nossa compreensão que a gente nem fala disso direito, mas são coisas em que eu entro dentro e olho por dentro e penso nossa, caralho! Porque é óbvio sim, mas não é tanto, e chega a ser libertador compreender verdadeiramente tais brisinhas que falarei a seguir. Se liga.  Pessoas, né? Você conhece pessoas toda hora, que imediatamente te afetam de alguma forma, dependendo da intensidade das energias, do tempo, das coisas que acontecem, sei lá. E você afeta pessoas o tempo todo. A gente está sempre mudando milimetricamente ou quilometricamente de acordo com essas relações, e daí por isso que Heráclito disse que um homem não pode nadar duas vezes no mesmo rio: da segunda vez ele já não é o mesmo homem e o rio já não é o mesmo rio. Essa constante evolução não deixa a gente estagnar e essas relações podem nos ajudar a crescer ou a retroceder, mas a questão é que estamos pra sempre conectados em algum grau. Até aqui, nada muito doido. Um pouco do

love is beauty

Image
Amar é querer bem, são sinônimos. Não é querer pra si, pra mim, pra ti. Se bem, então tá bom, amo de todo coração. Mas você parece que não. Você pra amar é com você, se longe não vale. Então não ama. Sério, não ama. Quem sou eu pra te dizer isso? A autoridade máxima do amor. Eu sou a porra toda dessa caralha e eu sei do que eu tô falando. Amar é pra sorrir e suspirar de bobeira, amar é coração quente e aquecido. Amar é foda. Essa loucura que rouba a sanidade e te faz sofrer é uma pré-enzima de um pré-amor, que pode virar amor sim, do gostosinho e quentinho. Mas precisa de uma quinase, que é você encontrando o equilíbrio, é você se conhecendo melhor, você evoluindo. A quinase é você se livrando do ciúme e da possessividade, entendendo que o tempo funciona no seu próprio tempo e não no seu . A quinase é constante. Confio que você consegue chegar lá e o caminho é de otimismo: na pior das hipóteses você sai feliz. Na melhor, também. Amor é glória. Amar é foda.

a year of love

It's been a year and I wanna talk about it. A year ago I wouldn'd want it, I would laugh and say you're delusional to even suggest that. I'd deny it for months to come still but a year ago you already knew what was happening. I didn't. But a year ago you changed my life completely. Like every change, it was a hard, long and even painful process. I lost all control over my life and my feelings, I lost sanity... but I was lucky enough not to lose you. That was the greatest gift I could ever hope for. You stood there by my side through madness and hell, you knew exactly what to say and when to say it. You knew me better than me. You made me see myself as the incredible person I am, you taught me how to love myself while still loving you. It's been a year, the first year. And I'm thankful for every day since then, for every smile, every word, every tear, every lesson. I'm forever thankful for you. It's been a year since I fell in love with you and

dias assim

São dias assim que me fazem tranquila para seguir adiante. Nem só por toda energia cósmica que se movimenta com cada abraço, cada injeção​ de amor que eu recebi. Nem só pelas que eu dei.  São dias de praia, de família e de coco gelado. São dias de trabalho, de comida gostosa e o melhor chuveiro do mundo. Dias de boa. Dias recheados de amigos que são partes de mim assim como eu sou parte deles, sou parte indissociável do ambiente e esse ambiente é indissociável de mim. São tantos dias assim. São dias comuns, esses que são de amor por todos os lados. São dias diários, que eu não preciso comprar nem mudar nem são excepcionais. São dias normais, porque a minha normalidade abrange a felicidade completa. São dias-a-dia. Mas são dias assim que vêm pra me lembrar que dias assim​ serão sempre meus pra viver enquanto eu viver. Meus dias assim. São todos, enfim.

o que aprendi lendo Violetas na Janela

Image
Eu já sabia mais ou menos com era o desencarne, mas acho que nunca tinha lido o relato de alguém tão tranquila, que acordasse direto em uma Colônia. Sabia do Umbral, sei de histórias até piores, mas talvez nunca tivesse relacionado à minha própria vida.  Sempre soube do carma, nunca considerei viver uma vida em que eu fizesse mal para ninguém. Mas nunca considerei os momentos que eu pude fazer o bem e não fiz. Nunca havia refletido sobre como isso tem a ver demais com a minha vida e como a minha mediocridade pode ser egoísta as vezes. Ela fala do despertar da vontade de trabalhar, o livro fez isso comigo. Porque eu já sabia da importância do dom da mediunidade, mas ultimamente tinha subjugado um pouco isso em mim. Esqueci que meu pai, minha tia e meu avô talvez precisem da ajuda de um médium, esqueci que eu posso ser a ferramenta para o pai, a tia ou o avô de alguém. Eu sei que meu coração é bom, mas as vezes eu esqueço. O livro me ajudou a lembrar. Eu sei que meu pai está pre

o clube da luluzinha

Você me confundiu por ser luz iluminando uma escuridão que eu não julgava ter, depois julgava ser só minha. É do mundo. Você é mais luz do que o mundo e pra mim me caiu como paixão. Interpretei assim o coração disparado e a insaciedade de você. Mas você, e depois eu, é muito mais do que a efemeridade platônica. E assim eu descobri que não era nada daquilo, mas que de certa forma era totalmente aquilo sim. Porque eu te quero perto, eu te quero ao lado e eu te quero sempre. Não te quero por querer nem te quero no rolê. Te quero na vida. Mas não preciso de você. Eu em mim sou plena, eu tenho minha grandeza e o meu valor, eu tenho por mim todo o meu amor e assim eu me basto. Só preciso de mim e de toda luz que tantos outros corações emanam a todo momento, iluminando enfim uma escuridão que já não se estende, não se impõe. Preciso de todo esse amor mas ele vem no retorno do meu. Porque eu também sou luz, você me contou esse segredo e hoje eu não tenho mais medo de me perder. Nem de te perd

um dia cu

A sexta-feira prometia ser cu faz tempo, desde que todos os agendamentos caíram no mesmo dia. Não por coincidência, aliás, porque quando tem que fazer todas as coisas todos os dias, não é que acidentalmente o dia ficou cheio. Todo dia é cheio. Mas sexta-feira trouxe o PET de brinde. O dia começou cedo e com jejum. Um puta jejum. O PET demora 3 horas pra fazer, depois tinha exame de sangue, nesse meio tempo minha mãe não quis dividir um bolo de chocolate comigo aí já me azedou o pé do frango de forma desproporcional. Eu ando azedando desproporcionalmente, mas a situação justifica. E tava frio. O almoço foi no frio, os garçons - que eu acredito que estavam desfalcados por causa da greve - ignoraram a gente por quase 1 hora. Ódio. Daí quimio, resultado de exame não muito bom: mais agendamentos pro final de semana. Que alegria! Eu fiquei tão cansada, tão destruída, com frio e com A PORRA DA MENSTRUAÇÃO QUE AINDA ESTÁ AQUI DESDR O DIA 8 DE ABRIL, QUANDO EU TINHA AINDA APENAS 28 ANOS,

pra não dizer que não falei do vô

Acredito de verdade e sem demagogia que eu esteja passando por coisas que eu preciso passar. Uma doença, uma situação onde eu esteja vulnerável e precise de ajuda, um tiro na minha independência quase arrogante, mas que eu sempre sustentei com a vontade de não atrapalhar ninguém. Em algum nível, era eu não querendo demonstrar fraqueza. O fato de eu não querer encontrar amigos e nem a família enquanto eu estou careca, inchada e debilitada mostra que eu ainda guardo essa mania besta. Que besta! Ao mesmo tempo respiro quase que aliviada por ter uma doença absolutamente cu mas tratável, de onde eu vou sair com o corpo intacto, cicatrizes simbólicas (fora a da barriga) e provavelmente um cabelo mais bonito. Um quadro completamente reversível, que só se instalou no momento que eu tinha segurança, esclarecimento e maturidade suficiente pra aguentar. Além disso, meu avô. Meu avô nunca foi aquele cara parceiro que levava os netos pra brincar ou que a gente quisesse dormir na casa dele. Pel

o desabafo narcísico

Descobri uma vaidade que eu não sabia que tinha em mim. Nunca fui a menina-barbie, só comecei a usar maquiagem quando ela entrou no meu job description do navio. Mas antes disso, e aí é que tá, a falta da maquiagem não pode ser entendida por falta de vaidade, mas só agora eu percebo isso. Eu não usava nada porque me achava suficientemente bonita assim. Quer coisa mais narcísica que isso? E quando eu comecei a me emperequetar mais, foi uma questão de novos horizontes, de ficar mais bonita ainda.  Eu sempre fui vaidosa. O espelho sempre foi meu amigo. Hoje eu sofro de não gostar do que eu vejo e sofro da culpa de um sofrimento tão fútil. De ver pessoas cuja doença deforma o rosto de forma irreversível e me sentir babaca de achar que inchaço é um problema real. Mas é um problema real, é um white people's problem mas incomoda. Todo dia eu sonho com o rosto de antes, com um pouco que seja de cabelo. é ridículo. Nunca pensei que essa seria minha dor, espero do fundo do coração que isso

a vida que você pediu a Deus

Image
Imagine uma vida sem responsabilidades. Imagine poder ir dormir sem pensar em provas e trabalhos, sem se preocupar com faculdade, professor, seu chefe. Imagine não se preocupar com nada além de você.  Uma vida onde você não lava uma louça, não tira um prato da mesa. Alguém faz isso por você e seria um absurdo se você quisesse fazer qualquer atividade de casa. Qualquer atividade em geral.  Imagine ter sua bolsa carregada nos poucos momentos que você precisa andar, porque o carro te leva pra cima e pra baixo. Sem você precisar dirigir, claro. E tudo que você for comer vai ser preparado com carinho e cuidado, pensando somente na sua satisfação.  Imagine horas e horas de muito sofá, TV, série, filme. Imagine uma vida de Netflix. E com todos seus amigos e familiares te admirando e falando o quão especial você é, te levando presentes, te visitando sempre que possível. Todo mundo cuidando de você, te mimando, querendo te ver bem. Imagine essa vida.

ah para de show

A gente forma coisas na nossa cabeça, a gente constrói realidades inteiras, a gente nutre e vê crescer umas paranóias que alimentamos com fatos e mentiras, regadinho com a ausência da linha que separa uma coisa da outra. Eu faço isso, você também faz. E as vezes essas criações engolem a gente. Pode acontecer pequeno, pode ser você não indo com o santo de alguém sem muito motivo aparente e cada coisa que a pessoa faz reforça sua opinião. Mas quem nunca passou pela situação libertadora de conhecer a pessoa eventualmente, conversar com ela realmente, e perceber que você estava absolutamente errada. E aí todo o ranço cai, desmancha. Você fica até com vergonha de pensar de onde eu tirei que cê era embuste?  É tão normal que a gente crie essas coisas e more dentro delas quanto é normal que de vez em quando a criação toda desmorone. Aliás, é saudável. Aliás de novo, esse é o meu conselho-que-ninguém-pediu de hoje: reavalie a paranóia. Hoje. Agora. E eu vou ser mais específica: reavalie a pa

o que eu aprendi hoje

Ontem eu ria quando você me dizia que eu não deixava que me cuidassem.  Você não entendia que não era isso, que eu deixava sim, só que não precisava. Ontem eu não entendia que todo dia eu precisava ser cuidada também. Tanto quanto, nunca seria. Mas eu deixava um pouco. Ontem eu não entendia nem o que eu não entendia sobre tudo isso.  Ontem vinham me falando há tantos ontens que eu não lembro quando foi o primeiro. Num Centro, num conselho, numa bronca. Me disseram com amor e depois nem tanto, me corriam com ameaças de que o meu estava acabando porque eu dava tudo embora. Minha mãe já dizia que eu doava as roupas depois tinha que comprar novas. Meus guias falavam "se você manda tudo para fora, não fica nada pra dentro". E ontem eu chorava uma angústia incompreendida de quem estava encurralada na certeza de que só sou boa se eu der tudo de mim. Porque se eu guardo mas você precisa, como eu durmo? Como eu durmo sabendo que eu poderia ter feito mais por você? Eu te amo. Ontem

do amor pelo SUS

O dia que eu peguei os remédios na farmácia do ICESP foi um dia realmente emocionante, meio chocante até. O tamanho da sacola acho que foi a cerejinha do bolo. O ápice de uma emoção que eu vinha sentindo desde o início dessa história toda. Na verdade, é um tipo de gratidão que eu lembro de sentir desde 2009, quando eu tive PTI. Eu lembro de ver minha hematologista se virando em vinte pra tentar descobrir o que eu tinha, se preocupando real comigo, inclusive chorando. E eu pensava que como pode uma pessoa que nem me conhece se preocupar tanto assim? Que coisa maravilhosa. E o fator financeiro, a questão de ser público faz diferença no meu coração porque - claro! é pago com impostos, eu sei - mas meio que é um retorno de uma coisa que funciona exatamente como deveria funcionar. Não é um comércio, não é uma compra. É bonito de verdade, me emociona. E me emocionou mais ainda agora com toda essa coisa do câncer, por isso eu fiz textão.  Não imaginava que as pessoas iam gostar tanto, fiq

longe da lama

As mais coisas que existem entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia ficam tão em pauta na minha vida há tanto tempo que eu hoje nem consigo falar sobre instinto, vibração e energia com aquela introdução explicativa por as vezes essas essas coisas não serem levadas em conta. Elas são, sempre. Eu considero o que eu sinto tão mais ou tanto quanto o que eu vejo, o que está provado . Assim, em itálico, porque até a biologia leva o sistema límbico tão a sério quanto todos os outros. Desde de Descartes e a glândula pineal, quem sou eu pra precisar explicar Shakespeare no começo do que eu vou falar. Instinto é real, é do inconsciente se preferir, é do repertório de estímulos acumulados. E eu confio no meu, nunca errei em confiar. Errei em duvidar dele frente a tanta coisa certa, errei em achar que ele era errado. Mas esse erro eu não erro mais.  Me sinto bem hoje. O que não quer dizer que eu sou cega ou iludida com as coisas que se passam, nem passiva a elas. Eu sei do que me a

se eu morrer

Que você me escute falando disso hoje em dia, a cidade inteira congela e o climão se instala na sala. Não se fala de morrer nunca, muito menos a pessoa que sou eu nesse caso absoluto. Mas parando pra pensar, tem nada mais otimista do que a frase se eu morrer . Porque se eu morrer inclui uma possibilidade de eu não morrer, que não existe. Pra ninguém existe, a vida é quando eu morrer, nunca se eu morrer. E como dizia meu pai, que morreu, tem morrido gente que nunca tinha morrido antes.  Meu vô morreu. E por mais difícil que seja pra você compreender, a morte de um senhorzinho de 95 anos me chocou muito mais que muita morte louca de gente nova. Eu simplesmente achei que esse dia não fosse chegar, achei que meu avô era eterno. Ele se sentia eterno, teve um caso de amor com a vida que poucas pessoas talvez imaginem. E dentro de tudo que é completamente compreensível e aceitável nessa morte, sempre é triste. A morte sempre é triste, mesmo nos corações mais evoluídos que entendem serena

uma rep muito engraçada

Image
Era uma casa muito engraçada, não tinha tranca, não tinha nada.  Qualquer um podia dormir no chão, porque na casa sobra colchão.  Todos que entram são acolhidos, sejam meninas, sejam meninos.  Tem louça suja em cima da pia, mas a comida é dividida.  Na casa moram 5 princesas, e a chave fica em cima da mesa.  Pra todo mundo que usa ela, a gente joga pela janela.  Vem miga, boy, e vem sapatão, na sala rola um violão.  A moça estuda inglês quietinha, descansa dando aula na cozinha.  Se um dos quartos está dormindo, na sala o siri tá reunido.  Tem os que treinam no corredor, tem muita gente, tem muito amor.  Rolê é de segunda a domingo, e até os fantasmas viraram amigos.  Meu coração já mora nela... e ela já mora na minha costela. 

O Júlio e a Monique

Hoje eu conheci uma moça que eu não esperava conhecer. De tudo que eu esperava pra esse dia, de todos os planos que já eram lindos, conhecer essa moça eu não esperava. Já foi tarde da noite, já foi quase amanhã. Eu conheci uma moça hoje que orou por mim. Um amigo morreu. Assim, como morrem as pessoas que a gente gosta, de repente. E a morte do meu amigo ninguém também esperava. Um acidente, um carro, um caminhão. Meu amigo que foi o primeiro a perguntar da minha saúde no sábado, morreu. E a família dele morreu um pouco junto, nada é mais triste do que a casa de uma pessoa amada que vai embora. O som dos corações partidos, misturado ao choro que não compreende, não aceita, não para. A dor física que dói na gente só de olhar, só de imaginar, só de lembrar. Quase um eclipse do amor. Mas em meio à tragédia, eu conheci uma moça que insistiu pra que eu sentasse, mesmo ela estando com o pé quebrado. A moça levantou e fez questão de me dar seu lugar. A moça perguntou de mim, de como eu esta

a chuva de hoje

Tá chovendo um choro triste que cai do céu, de lágrimas constantes e gotas frias, descendo sem parar há dias. Tá chovendo um choro meu, de nuvens brancas que a noite esconde e a gente pensa que não vai mais chover de manhã. Mas chove. Tá chovendo um choro que não é uma tempestade, que não teve raio nem trovão, que não é passageiro nem chuva de verão. Tá chovendo uma chuva necessária, de uma água que precisava cair, num dia que a previsão era de sol. Mas a previsão não acerta, a vontade não condiz com o pensamento e janeiro é o mês que vai durar pra sempre, se precisar.  A chuva vai cair até que ela não caia mais. O sol vai voltar pro meu céu sem nuvens e, em silêncio, o verão vai continuar. Diferente. Mais bonito. Dentro de mim.

it's never over

Forgive me sister, for I have tried. It's 2017, we have access to information of the entire world, we can travel and we get to know different cultures. We have television, Netflix, internet, we can learn pretty much whatever the fuck we chose to learn. We can listen to music from all the places, from all times. We can read novels written 200 years ago or just last week. We know poetry and history, cience has evolved to the point that we can create life and perform miracles everyday. But we still don't know what to do when we fall for someone and they don't fall back in love with us. So I have tried. Forgive me, lover, for I was lost. And I am losing all hope that never existed, but my stubborness made me belive it was there. Forgive me, friend, for I was born in mid April. There's nothing I can do. But I needed to know I tried, I told you, I poured myself completely in front of you. I know for sure that the person you don't love is me. There's nothing I can do.