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Showing posts from 2012

letter to a classmate

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Querida colega, Você tem um cabelo maravilhoso. Sempre teve. E eu tenho um cabelo ~complicado~. Sempre tive. Por isso, quando éramos crianças eu via você com alguma espécie de poder por causa do seu cabelo. Pra mim, toda sua popularidade, todos os seus amigos, toda a sua infância e pré-adolescência foi um sucesso por causa do seu cabelo. Eu gostava de jogar futebol e bater figurinha. Eu só andava com meninos e não ligava pra maquiagem nem roupas nem nada. Na maior parte do tempo eu vivia feliz. Mas de vez em quando, quando via você, seu cabelo e seus amigos, eu me sentia meio loser, sabe? Era como se num filme americano eu fosse a menina aloprada e você fosse a cheerleader. E hoje eu te escrevo essa carta porque você nem deve saber soletrar cheerleader . As coisas foram mudando ao longo do tempo, evoluindo. Na hora certa, na hora que de fato eu precisei, aprendi a coisa da maquiagem. Ainda adoro futebol e hoje em dia dá muito certo essa coisa de  só andar com meninos. Estudei em u

passaporte

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Uma vez ouvi falar que a gente não tem que ter orgulho de coisas que a gente não conquistou. Por exemplo: devo ter orgulho da faculdade que estudei porque dependeu de mim. Mas não tenho que ter orgulho de ser brasileira. Eu não passei em nenhum teste nem escolhi ser brasileira, foi um acidente. Vou partir daí. Eu adoro esse país. Não troco a comida daqui por nada. Inclusive na cozinha internacional a gente é melhor. Nosso sushi é o melhor, nosso nacho é o melhor, nossa esfiha (de frango!) é a melhor. Nossa música e nossas praias, nossa ginga e nossas festas. Tudo isso me alegra, me deixa feliz ver gringo imitando um sambinha quando digo que sou brasileira. É quase um orgulho né? Que seja. Eu gosto daqui. Mas me deixa. Me deixa porque o mundo é que é o lugar. O mundo não muda, o que é o mundo é o mundo e sempre foi. O que é o Brasil não sempre foi. Fronteiras mudam, ventos levam barcos pra longe das Índias e ninguém inventou terra não, só mudaram o nome. É só o nome que muda.

the lemonade

i'm gonna write about the first time we met and the moment i fell in love with you. and how it took me so long to realise that - for a moment there -  you felt the same and the happiness i still can't describe. the happiness i found in your arms, the happiness you found between my legs. i'm gonna write about how everything collapsed before it began and how i thought i would be fine. i'm gonna write about how i never knew the meaning of 'fine' ever again. i'm gonna write about all the blood, all the drama, all the times i thought i would die. and then i'm gonna write about when i got sick too. and how the sickness end up killing half of me. i'm gonna write about my darkest times and my surrender. i'm gonna write about all the things i've learned. i'm gonna write about all the things you made learn. and i'm gonna write it because i haven't learned a thing. i'm gonna write about how i gave up on myself so i would never ha

Democracia Falida

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Eu detesto gente que protesta. Hoje em dia o protesto é muito mais uma forma de aparecer do que qualquer outra coisa. Pessoas que querem se orgulhar de  lutar como lutaram no passado, quando o protesto era uma simples falta de opção. Há uma generalização de opinião e uma opinião generalizada normalmente é burra. Quase sempre é burra. Vejo as pessoas falando sobre falta de investimento em educação (e excesso de investimento na Copa, como se fizesse diferença). Mas na verdade não falta investimento na educação. Não em São Paulo, pelo menos, que é onde eu vivo, que é onde minha mãe dá aula na rede pública. As escolas são equipadas com tudo que é necessário e mais um pouco. Os alunos têm comida, uniforme e material de graça. Os professores não ganham que nem o Neymar (que é uma comparação bem cretina né?) mas não ganham mal. Pode-se sim viver bem do salário de professor. O que atrapalha a educação são os alunos que, em sua grandessíssima maioria, são desinteressados nos estudos

to be inspired

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Não sei se assim também acontece com você aí de casa, mas comigo tudo parte de uma inspiração. Todas as minhas decisões e vontades, tudo que eu faço e tudo que eu quero fazer, tudo que se liga ao futuro vem de uma fortíssima inspiração que um dia eu tive. E essa inspiração pode vir das mais pequenas coisas, das mais inspignificantes. Às vezes eu me inspiro com uma música ou um filme ou uma frase que alguém disse. E daí sai a vontade a força pra outras milhares de coisas. Os sentimentos me inspiram, as comidas e cheiros e a televisão. Tudo me inspira. Mas nada nessa vida me inspira mais do que as pessoas. E de todas as pessoas que me inspiram, ninguém me inspira mais do que minha bróder. Independente do quesito, do assunto, da seriedade e importância: tudo é digno de inspiração. E não quero dizer que quero estudar enfermagem e ser grossa e linda. Quer dizer que eu me espelho na moral, na decência, na competência, no aproveitamento e na fodisse. Fodisse de fazer tudo que f

out of order

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estamos em: www.mardocelar.tumblr.com Until further notice ;D

o pecado

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Forgive me Father, for I have sinned. De todos os tipos, jeitos e modelos que o pecado nos é oferecido. Fiz strudel com a maçã, fiquei bróder da serpente. E da cobra. Cada um dos sete, juntos e separados. Ah, os pecados! Eu não pequei porque quis, não quis pecar. Eu fui vivendo, os pecados foram chegando e eu fui pecando e andando e seguindo a canção. Agora nem sei se peço perdão porque esses pecados todos me pareceram naturais. Nem sei dizer onde foi que eu pequei. Nem sei a diferença entre gula e luxúria. É tudo igual, é tudo normal. E por ser tão normal, se é o pecado nosso de cada dia, chega a ser capital?  Será que não é a culpa que faz o pecado ser pecado? Porque se for, claro, eu fui pecaminosa algumas vezes aí. E de vontade própria paguei minhas Ave Marias. Minha consciência é mais severa que você, padre. Meu travesseiro é um carrasco. Mas se o pecado é seguido de satisfação plena e alegria, aí já não sei se vale ajoelhar de novo. Para pedir perdão, pelo menos, não. Talvez p