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Quero não

Eu nem queria mesmo, de verdade. Pode ir.  Não é você que eu queria tanto, podia ser qualquer um. Seu cabelo e sua luz brilhavam mais que meus olhos, se você for ver isso nem é tão bom. Quero não. Apesar que eu queria e pelo tempo que eu quis eu só queria querer, não queria você. Você só tava ali e eu só tava lá e seu lá encontrou meu cá e aqui ficou, mas nada mudou. Não é diferente. Seu jeito ou qualquer jeito ia me prender de jeito. Não tem jeito. Eu queria ser presa. Cuspi no chão da cadeia e jurei que nunca mais voltava pra lá, deu nem dois tempos e eu cheguei toda massa, achando lindo. A repetição é doida porque a gente nunca sabe que tá repetindo até ficar de recuperação. E eu não quero isso não. Nem você não me quis, até nisso a gente combina. Ai, volta! Só pra eu poder brincar de iludida. Finge que me ama, finge que acredita. Eu finjo que sou doida por você e você finge que é mentira. Eu nem queria mesmo, mas eu talvez queria. E mesmo não querendo, hoje eu sei que sou assim

Brenão

Desde que eu me entendo por gente e até bem pouco tempo atrás, venho aceitando todos os rótulos que colocaram sobre o que eu falo, penso e como eu ajo (e reajo). Desde sempre eu fui a louca, a escandalosa, a ariana. Peste. Praga. Barulhenta. E isso de alguma forma deslegitimava quem eu era e o que eu fazia, em qualquer situação o que se referia a mim era dúvida. Ninguém tinha certeza de mim, nem eu. Cresci me questionando a todo tempo, de uma forma tão dolorosa e imperceptível que eu só notei agora, quando parei de fazer isso, quando passei a ter mais certeza de mim. Como se eu tivesse tirado aquele sutiã que eu nem sabia que tava me apertando. O alívio! Isso não tem nada a ver com estar certa ou errada, nem antes e nem agora. Minha teimosia podia ser até irritante, mas eu por dentro estava me questionando. Sobre tudo. Sempre. Minhas opiniões, meus sentimentos, meus gostos, meus desejos. Tudo que eu afirmava fazia nascer instantaneamente a dúvida oposta na minha cabeça. Tem noção do