2016

Você é aquela criança terrível que a gente não sabe se é terrível mesmo e as pessoas comentam ou se só é terrível porque as pessoas comentam que é. Não sei se é uma coisa vigotskiana ou piagetiana, não sei se vem de dentro pra fora ou de fora pra dentro. Não sei as origens astrológicas da sua insanidade, não sei em que casa da Lua tá o Sol da sua putaqueopariu, mas sei que a essa altura eu já não esperava nada diferente de você. Sério, eu nem reforço mais o showzinho que você dá. É incessante e repetitivo, você devia estudar habituação. Se no começo tu era nossa atrás de nossa, hoje não passa de ah, claro. Of course. 
Porque claro que tem tumor. Claro que vem cirurgia por aí. Em um ano que começou com os maiores absurdos, um réveillon que eu ainda não elaborei, que passou pelos acontecimentos mais improváveis, que me colocou de quatro quando eu não queria nem abaixar um pouquinho. Você, onde eu briguei com quem eu achei que jamais brigaria, onde eu amei quem eu nem conhecia, onde eu me vi virada do avesso, pagando a língua de cada pequena afirmação que eu fiz. Fazendo o contrário. Você, onde tudo foi ao contrário. E que termina sem plot twist nenhum, porque eu já esperava coisas grandes de você. 
Assim é a criança terrível, assim é você. A professora só sabe o seu nome, você é memorável. Tem sido e vai ser. A grandiosidade da sua loucura não pode ser negada, assim como meu apreço por você. Você é a criança terrível mas eu sempre gostei mais dessas crianças. Cansa mais, é verdade. Não podem ser gêmeas, 2017, peloamordedeus. Mas você tá sendo um ano do caralho, 2016, com todos os significados e significantes que do caralho pode ter. Você tá extremo, tá montanha russa, você não me deixou respirar até agora. Os fogos da virada dispararam meu coração e ele não voltou ao normal até agora. Na verdade, minhas definições de normal foram atualizadas. Todas foram.
E você, que eu sei que não tá nem perto de acabar, não me decepcione. Não seja o último. Não me fode.