ai, que saudade do meu eu

A gente é uma pessoa quando tá sozinha e outra quando tá com pessoas. O indivíduo perde parte da sua individualidade no grupo, pra daí constituir o indivíduo do grupo. Faz sentido, se você pensar. O que você assiste no Netflix quando tá sozinha em casa não é a mesma coisa do que quando sua mãe tá junto. E é assim com tudo, em todas as situações. A gente sacrifica pequenas (ou grandes) partes de nós pra poder viver em comunidade. E sem comunidade a gente não vive. Happiness is only real when shared. Não é máscara, não é falsidade, não é psicose. Simplesmente é impossível a gente agir com a mesma liberdade que temos sozinhos se tem mais alguém lá, e tudo bem.
De vez em quando dá uma angústia que a gente não sabe nem da onde vem. Uma bola de neve, porque você pode estar rodeada de pessoas que ama e mesmo assim quer ficar sozinha. Se sente culpada, porra que mancada. A angústia aumenta. Mas nem esquenta, isso é saudades. Saudades de você, da pureza de você sozinha com você mesma. Saudade de ficar sozinha não é odiar quem tá em volta, é que a gente pode ficar muito tempo no modo indivíduo-grupo e se esquecer do indivíduo-individual mesmo. É saudade. 
A boa notícia é que você tá com saudade de alguém que tá pertinho, né? É só ficar um pouco com você. Uma caminhadinha, um minuto que você vai ali e já volta, até um banho mais longo. Um pouco com você e mais ninguém, um pouco por dia. Só pra não esquecer que você é você apesar do grupo, mesmo que ame muito quem você é no grupo. Só pra não esquecer você.