pedaço do gato

O sol brilha no meio do céu azul. Tá calor. O ar entra pelos nossos pulmões, o oxigênio corre pelo nosso corpo através do sangue e o que não presta, sai quando a gente expira. E levantamos com as nossas duas pernas, espreguiçamos abrindo nossos dois braços de baterista , e coçamos nossos belos olhos. Aí a gente sai da cama, dá bom dia pro papai e pra mamãe e pros irmãozinhos, come comida porque tem em casa e vamos trabalhar porque temos emprego. Damos risadas com os nossos amigos que estão perto e resolvemos os problemas com os amigos que estão longe. A gente estuda, a gente sai, a gente ri das besteiras das apresentadoras de televisão, a gente flerta com belos rapazes, a gente ri mais um pouco, a gente come chocolate... Mas é, a vida é uma merda mesmo.

Tô eu no trem lá... lotado e tal. Aí entra uma moça de uns 23 anos. Uma moça normal, de calça jeans e camisetinha. Normal. E no ombro dela tem um piriqutinho azul. Tipo, um periquitinho! No ombro! No trem! O mundo pirou.

Aí eu tava nervosa porque dei uma de baiana burra que levanta 40 minutos antes de descer do ônibus e fiquei lá plantada um tempão. Desci puta. Resolvi comer pra me acalmar. Gorda. Tô la eu comendo meu lanchinho quando um casal de pessoas de meia idade se senta na mesa ao lado. E lá ficam por um tempo, conversando. Nada de lanches. Daqui a pouco a mulher fala: - Ai amor, acho que tem ir lá pedir viu. E pra num rir? Hahahaha! Mas é cada uma...

Porque eu fui trabalhar um final de semana no Hotel Monte Real, meu cérebro se habituou a essas palavras. Aí tem o prédio aqui do lado que chama 'Montreal'. Juro que eu sempre lia mentalmente 'MontReal'. Que coisa de gente burra né? Mas eu sou burra. Eu vou adimitir. Eu não tenho vergonha de nada.

Aí teve um show de mágica no hotel. O tiozão é o mágico mais anti-ético do mundo, mas beleza. Lá foi ele fazer o truque do papel crepom. Rasgou um pedaço, pediu pra uma menina soprar e pirilim plim plim abriu o papel crepom vermelho em forma de coração. Tudo bem que dava pra ver o dedo falso dele e tal, mas o que interessa é o coração. Porque ele jogou pra galerinha sentada de perna de indinho e olhando pra ele encantados. Vai o gordinho de uns 4 anos, ergue a mão, pega o coraçãozinho de papel, olha pros lados com os olhinhos brilhando e... DESTROÇA o coraçãozinho! Rasga em um milhão de pedacinhos com a maior cara de prazer diabólico do mundo! HAHAHAHAHAHA! Super ganhei o feriado com o gordinho e o mágico.

É, mais um feriado inteiro com calças largas, camisetas largas, refeições agradáveis e risadas até de madrugada. Mais um feriado acordando cedo de bom humor dando bom dia para as frutas e os laticínios. Mais um feriado de rodoviária, mala pesada e radinho. Mais um feriado de vôlei, baralho e amanda. Mais um feriado feliz! Agora, tirando um pouco o glitter rosa e gay do texto, a minha teoria de que pessoas ridículas servem para que a gente dê valor às pessoas não-ridículas foi elevada ao infinito azul. Blegh!

"Ói gente, é muito difiçi cria um fio hoje." Já diria Dona Edith Maria Capitulina Tarabetina de Jesus Amor Divino. Mas meus pais têm vivido um living hell cara. Dois filhos. A menina ficou um tempão aí sem trabalhar, mamãe pagando a faculdade e a desgraçada só gastando no cartão de débito mágico que nunca é recusado. Saldo negativo é um termo muito forte. Prefiro dizer que eu super estou no cheque especial. Agora, o menino... aquilo sim é de lasca. Além de não trabalhar, mamãe banca todas suas baladas e farras. Ele destrói um pouco do carro a cada semana. Outro dia atropelou um elefante uma pedra e destruiu todas as rodas, suspensões e tudo mais que se encontra na parte de baixo de um carro. Isso depois de várias calotas perdidas, batidinhas, amassadinhos, arranhões... Aí ontem ele me larga a mochila no banco do carro com a carteira dentro. Adivinha se um corinthiano não me quebrou o vidro pra roubar a mochila? Senhoooor! Como é cagado! E eu que sou a ovelha negra hein!