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Em agosto de 2009 eu tinha 12kg a menos, um coração que só tinha visto o lado bom ainda, tinha acabado de trabalhar um mês em um hotel em Águas de Lindóia, estava no último ano do curso de Publicidade, com o pé enfiado na jaca até o joelho por causa do TCC, achando que o futuro me reservava muita redação em agências, em reuniões de briefing e o cacete. Eu me via saudável e achava que eu tinha visto coisas, feito coisas, que minha vida tinha chegado em algum tipo de ápice.
Eu tinha a mesma personalidade. Eu tenho a mesma personalidade desde que eu nasci! Eu escolhia as minhas roupas desde que eu comecei a andar, eu sempre fui eu. Mas em 2009 eu era outra pessoa. Eu tinha outra cabeça, outra religião, outra família, outros objetivos, outros sonhos, outras noções de sucesso e quase que a totalidade das minhas opiniões eram outras. Eu não fazia ideia das coisas bizarras e maravilhosas que ainda estavam por vir e a interação entre ambiente, situações e como eu entendi isso tudo foram me transformando completamente. Eu sempre fui eu, continuo sendo. Mas há 5 anos eu era outra pessoa.
Por isso eu não acho que nada pode ser justificado com a situação, com o ambiente e nem com a personalidade. O conjunto de tudo é que define quem você é. E tudo só vira um conjunto em você, é você que leva tudo pro conjunto que quiser. Você é culpa sua.
Por isso também eu acho que a gente nunca é, a gente sempre está. E a capacidade de mudar o caminho nunca termina, nunca tem uma coisa ou uma idade que você chega que daí acabou, é isso, minha vida é essa. Pra sempre tudo pode (e vai) mudar. Isso é reconfortante no sentido de que nunca haverá estabilidade, mas é aterrorizante também, no sentido de que nunca haverá estabilidade.
Acho que a coisa mais difícil de entender é isso: que tudo está em constante mudança e a gente não vai conseguir parar o movimento. Mas a gente tem controle absoluto sobre o efeito das mudanças: se é bom ou bosta, é contigo. É comigo. Enfim.