Direito de Resposta que Eu Dei a Mim Mesma

Foi um pouco antes de outubro, mas do ano passado, que essa florzinha comunista brotou no meu coração. Até pouco tempo atrás a minha visão era outra, muito parecida com a sua. E, pra ser bem sincera, eu já tive algumas variações extremistas que foram da vontade de ser terrorista pra lutar contra o capitalismo sangrento americano, passando para o curso de publicidade e propaganda em uma faculdade particular, indo direto trabalhar na Disney e amando muito tudo isso, para chegar na urna ontem votando Dilma com uma convicção quase cubana. Tenho lá muito o que reclamar de gente sem opinião não. Mas reclamo. 
Comigo a coisa foi num processo evolutivo que, se começou na ferveção da adolescência, no egoísmo que é a juventude, agora caminha para um pensamento mais brando e amoroso. Ao meu ver. Meu. E no meu coração - o meu!, uma angústia que me sufocava cada vez mas, dissipou quase que completamente. Me sufocava. A mim. Tão somente. Eu.
Quase completamente, porque ainda às vezes eu me pego querendo deitar no chão e esperar o mundo acabar. Às vezes a fé me foge e eu posto #VemEbola. Às vezes eu acho que chegou o fim. Mas passa. Passa porque eu sei que a gente está caminhando com baby steps, newborn baby steps de um baby com perninhas super pequenininhas, mas na direção certa. Talvez não como um todo, mas pensando que cada vez mais gente é boa, cada vez mais gente quer o bem. Cada vez menos gente vive o preconceito, que lentamente vai sumindo geração após geração. 

Não estou eu aqui em horário comercial escrevendo pra dizer que você que votou em Aécio Neves é uma pessoa pior do que eu, que votei em Dilma. Estou só contando pra vocês que eu sou um ser contraditório, que já tive uma opinião mais Darwinista-Lei-Da-Selva-Get-Rich-Or-Die-Trying e que essa opinião me sufocava. A mim. E eu só soube que era isso que estava me sufocando quando eu mudei. Eu. Porque eu quis. Mudei a mim mesma. 
Hoje eu penso diferente. Eu. Hoje eu penso que todo ser humano do planeta deveria ter pelo menos o básico, o primeiro degrauzinho da pirâmide de Maslow, antes de nos preocuparmos com as outras coisas da vida. Essa é a minha visão utópica (MINHA!), que, como toda utopia, é impossível de ser alcançada mas que, como toda utopia, serve para guiar o caminho que seguimos. Isso é uma filosofia de vida que, pra mim, vale para o brasileiro, o chileno, o cubano, o nigeriano. Todos. E isso foi parte do porque ontem eu me senti feliz e confortável com a minha opinião de escolher a Dilma. Só. 

No dia da epifania, que eu pensei que caralhos que eu tô fazendo com a minha vida? eu decidi mudar tudo. Fazer um plano. Começar do zero. E essas decisões foram minhas, referentes à minha vida, sobre coisas que eu quero fazer baseada em coisas que eu acredito. Você não tem nada com isso, assim como eu não tenho nada com a sua vida. Você pra mim é problema seu. E eu nunca te ofendi por isso.

Mas ontem, eu recebi um telegrama.
Era você dos Jardins, ou Califórnia.
Dizendo: nega, sinta-se uma burra.
Porque votou na Dilma!

Daí estou eu aqui em horário comercial escrevendo o direito de resposta que eu mesma me dei. E a resposta é: burra é teu cu. Sim. Teu cu. Teu ânus. A puta que te pariu. Burra é o olho do meio do seu cu.

Seja feliz com as suas escolhas: profissionais, amorosas, políticas, de lanche do Mc. Mas a minha não é burra. A minha é só diferente da sua, porque é minha. Burra é o teu cu.