tinha uma pedra no meio do caminho

Vem vindo uma pedra na minha direção. Daí é normal que você pense que isso é um problema, porque eu só disse que vem vindo uma pedra na minha direção. Mas a frase completa é: vem vindo uma pedrinha pequena na minha direção a uma velocidade insignificante e cujo impacto com o meu corpo mal será percebido. Ou seja, nada. Mas isolando o fato, vem vindo uma pedra na minha direção. E se vem vindo uma pedra na minha direção, eu tanto posso desviar dela, que me exige muito esforço, quanto pegá-la com a mão e devolver na sua direção, talvez com mais força só porque eu tenho direito, você me deu esse direito. É assim que a gente vive.
Mas na verdade, eu poderia deixar a pedra bater em mim. Não me exigiria o esforço de desviar nem aumentaria meu ódio na força de revidar. A pedra em mim bateria, cairia no chão e ninguém nunca mais veria a pedra. Talvez você jogasse outra, mas a teoria da Extinção da Psicologia Comportamental me diz que em pouco tempo você pararia de jogar e nenhum mal teria sido causado, o efeito borboleta não teria sido ativado e não viveríamos em guerra. Mas né?
O Isaac quando disse o que disse não levou em conta nossa maior fraqueza. Um corpo em repouso tende a reagir com força desproporcional. O maior esforço do ser humano é permanecer em repouso. Aliás, quanto mais em repouso, menos humano. Deixar a pedra bater na testa, mesmo que não doa, é quase divino.