não entendir

Na vida eu sempre me contentei com o oito ou sete, mas se a média fosse seis, tava bom seis também. Aprendi a ler lá pros meios da primeira série, enquanto a japonesada já fazia equação de segundo grau. Demorou, mas eu entendi o negócio das letras juntando e formando sílabas e tal. E, quando chegou a hora, também entendi o x² mais y² mais nunseioquelá. Entendi as matemáticas, as histórias, as geografias. Entendi coisas de poesia, de arte, de alquimia. Entendi mesmo.
Entendi que a vida não pára pra gente pensar, entendi que as escolhas que a gente faz nunca são pra sempre, e aí eu entendi a hora de mudar. Entendi como funcionam crianças e photoshops, entendi como faz pipa, beck, estrelinha com papel de halls. Entendi os esquemas de dirigir e de falar inglês, entendi como passa camisa.
Sabe que dentro das minhas limitações intelectuais, eu até que entendi um monte de coisa difícil. Pouca gente entende por que morre pai, por que morre tia, por que fica doente. Pouca gente supera a dor da saudade, pouca gente entende as voltas que a vida dá. Mas eu entendo. Eu entendo até mancadas e traições, eu entendo que merdas acontecem, eu entendo coisas das mais variadas, de mergulho e pressão do ar submerso, até coisas de espiritualidade e evolução e religião. Eu entendo vários bagulho.
Mas eu não
entendo
você.