Sete Anos

Todo dia eu rezo e agradeço, peço proteção a mim e aos meus, e peço na minha oração pelos que se foram, pra que eles recebam nossa saudade em forma de luz. Peço pela Tata, o pai, a vó, o vô, a tia, o tio, a outra vó, o Roberto, a Lidi, o Marcelo e agora o Bombom. Você escuta, será? Ou é outro departamento que recebe? Mas a luz chega, em meio a um monte de dúvida, disso eu tenho certeza. O tempo me deu certeza de algumas coisas também, das coisas que estavam em mim. De lá pra cá a panela do amor cozinhou muita coisa, o caldo engrossou, ficou uma delícia. Aprendi demais, dos dois jeitos que se pode aprender. Conheci muita gente que eu queria que você conhecesse, também acho que você conhece. Só isso explica a mais recente contratação do céu, vontade de resenha. E cada vírgula daquela lista rendeu demais, choro demais, dias nebulosos. Raiva de Deus, treta com Orixá, aqui tem padre em depressão, quem sou eu pra perdoar? Quem sou eu pra negar a origem natural de todas as coisas, quem sou eu se está tudo dentro do amor? Eu sou amor. Sou feita do amarelo e da azul mas não fiquei listrada, sou verde. Foi difícil misturar, eu sou minha própria cor mas foi difícil de enxergar. Sete anos, pai. Sete anos dando murro em ponta de vela sem me queimar, sete anos pra entender que não importa a minha vontade, a Dele prevalecerá.