missing the little things

Das pequenas coisas que eu sinto falta de lá, as chaves. Sinto falta de sair da cabine e trancar com a minha chave. Eu me sentia uma pessoa saindo da sua própria casa, sabe? E o sentimento de maturidade duraria muito mais se eu não, 12 segundos depois, jogasse o chaveirinho de peixe que eu comprei em Ilha Grande pra trás de algum quadro, em cima de alguma porta de incêndio, dentro de um armário de mangueira. Eu não tinha bolso!
Aliás, armárinhos de mangueira. Outra coisa que eu sinto falta. Neles eu escondia e guardava coisas das mais importantes: de big macs a modens 3G, passando por dinheiro, xarope e anexos de e-mails.
E-mails? E-mails, a melhor forma de comunicação não-verbal entre cabines. Eu sinto falta de pisar em casa olhando pro chão, pra ver se tinha e-mail. Meu inbox era bem mais vazio que meu outbox, mas isso é porque eu sou proporcionalmente mais babaca que meus destinatários usuais. Eu gostava de gastar neurônios com essas coisas babacas.
Podecre, as babaquices. Havia uma força extra-sensitiva (;D) que se apoderava do meu ser toda vez que eu virava a esquina e via pendurada na maçaneta da 219 um cabide com um certo uniforme de uma certa enfermeira. Naquele momento simplesmente parecia impossível ignorar aquele objeto inanimado. Não podia passar despercebido, ele gritava por atenção. E eu dava atenção pra ele. Muita. Isso, claro, quando eu num era pega no pulo.
Coisa que acontecia com uma freqüencia irritante, inclusive. Pega com vestido de fada na mão, pega com o telefone no ouvidinho, pega colando bexiga. Que timing filhodaputa.
Por falar em filhadaputice, eu simplesmente amava os momentos de estréia de um look. Normalmente era eu e o Ronanzito desfilando na passarela. E a gente ficava numa inquietude animal até que a gente fosse na loja, mostrar pra nossa musa-amante. E ela ria. Toda vez que a gente pisava na loja.
Realmente, eu morro de saudade da loja. Eu ia lá dar risada, gastar em dólar, passar creminho nos cotovelos, passar batom, passar perfume e comer umas balinhas que eu ganhava. Eu ia contar fofocas, ouvir fofocas, grudar bilhetinhos no vidro, procurar aprovação para a minha make da noite.
Das noites eu tenho saudade, dos dias também. Dos bons e dos ruins. Das pessoas legais e das chatas. Do café ruim, da carne de monstro. É, principalmente dos monstros...