banho de sol

Coisas não terminadas dão aquela sensação de inquietude, uma certa agonia que a gente as vezes nem lembra porque sente. Mas aí você lava a louça que mamãe pediu e pronto, a paz volta a reinar no sofá. Comigo é assim, pelo menos. Só que tem essa sensação em larga escala. Que não é a pressãozinha de ainda não lavei a louça. É algo do tipo ainda não dirijo bem, ainda não me formei, ainda tô doente, ainda não sei o que quero ser quando crescer. E acaba que culmina tudo na mesma época né? Parece que dezembro resolve tudo. Em dezembro, tudo isso vai estar resolvido. Eu acho.
A última vez que eu passei por isso acho que foi no final do terceiro ano, que eu tinha que concluir o ensino médio, o ensino técnico, decidir o que prestar no vestibular e prestar o FCE. Era muita informação. Mas passou. Passei. Acertei. Arrasei. Fui de colegialzinha remelenta à universitária, técnica em química, trabalhadora e independente. Delícia.
Agora eu sou uma universitariazinha remelenta sem plaquetas e desempregada. Dependo de um monte de coisa que não depende de mim. E dependo de mim pra um monte de outras coisas, mas essas eu garanto. Porque se tem uma coisa que a gente aprende só na marra é que fatores externos são muito, mas muito mais fortes que os internos. Então vamos vivendo nessa inércia incerta e poética. Ouvindo Monobloco sem sair de casa.