Poligamia, por Natália Rodrigues

Eu me recuso a escrever um post falando o que toda pseudo-moderna fala por aí, apesar de eu mesma gastar o tempo das pessoas discorrendo sobre o assunto em mesas de bar. Falando o quê? Que monogamia sucks. Nós, as pseudo-modernas, gostamos de fumar nosso cigarro eu nem fumo e beber nossa vodka pura por aí tagarelando sobre como o amor deve ser uma coisa livre e como todos devemos se catar por aí numa putaria generalizada onde irmão não conhece irmão. É um discurso que impressiona bem os homens que prontamente pensam em comer a gente, ao mesmo tempo que faz as menininhas com suas alianças ficarem com cara de cu porque ninguém pensa em comer elas. Não existe papo melhor pra uma mesa de bar: exaltar a poligamia.
Mas a verdade, senhoras e senhores, é que a gente não aprova este comportamento animalesco de orgia. Não totalmente, pelo menos. Explico: se estamos em um meio isento de sentimentos, onde os homens são bacanas e bonitos (fatores inversamente proporcionais à nossa carência), tá tudo bem. Ninguém é de ninguém, bora correr pro abraço. A gente de fato não se importa se o cara de hoje tá com outra amanhã. Coisa linda.
Mas coloque aí uma pitadinha de suspirinhos. Coloque aí um homenzinho que você imaginou vestido de smoking no altar. Aí fodeu tudo. Fodeu o ninguém é de ninguém porque ele é seu. Fodeu o amor livre porque ele é livre pra amar quem quiser, desde que seja você. Fodeu a poligamia porque não existe mais ninguém no mundo. Acabou a festinha.
Aí você que está aí todo pimpão lendo este texto já pensou "que hipócritazinha de merda que ela é". Pois lhe digo que não sou não. Porque seria monogamia do meu coração se eu simplesmente amasse o cara do smoking perdidamente. Mas é pura poligamia: existem vários caras de smoking no meu altar. Chupa.