ah, a metáfora...

Quando eu comecei com o navio pela primeira vez foi tudo bem porque ninguém imaginou que seria assim por tanto tempo. Nem eles nem eu. Eles nem tinham uma opinião e eu achei muito legal como muitas coisas muito legais que eu fazia. Mas foi quando eu fui embora do navio que eu comecei a sentir uma saudade imensa e entendi que era amor. Já não queria mais fazer nada que não fosse o navio. E isso preocupou eles.
Eles diziam que isso não era vida e que eu estava gastando um tempo precioso. Eles queriam que eu focasse em uma coisa real e fixa. Uma coisa eterna. Mas quando a gente ama, tudo que eles dizem entra por um lado e sai pelo outro. Assim segui por anos com esse amor pelo navio, cada dia mais profundo, mais intenso. Cada embarcada era um brilho maior ainda nos olhos. Para o desespero geral deles.
De vez em quando até eles achavam que estava tudo bem, pra falar a verdade. Porque o navio me fez passar por coisas incríveis, conhecer lugares sensacionais que eu jamais teria conhecido sem o navio. Era a minha droga. Me fazia feliz com o único lado ruim de me levar à loucura na abstinência. Eu sabia que o navio jamais seria meu pra sempre e cada vez que eu tinha um reality check, entrava em depressão.
Mas embarquei sempre até não querer embarcar mais. O sentimento morreu de repente (ou foi morrendo?) e agora o navio é uma doce lembrança de uma vida que eu não quero mais.



E enquanto a metáfora come solta, o whatsapp não pára!