a nova onda do imperador

Seu doutor faça o favor de me trazer depressa uma decisão quente e uma solução que não seja requentada. Porque dessa vez eu tenho ao meu favor o tempo, os meses, o conhecimento. Se for pra fazer que nem no BOPE, faça logo. Fatiou, passou.
Porque eu preciso embarcar, doutor, por mais motivos do que eu posso explicar aqui. É uma droga, eu sei. E eu viciei nessa droga, eu sei. Mais um ano que eu não sou levada a sério nas conversas de família. Mais um ano de uma salva de palmas para o meu irmão-exemplo, que faz usp, tem um empregão e um carro bacana. Ele planejou assim e fez assim. Eu não planejei nada e agora eu não tenho nada, segundo essa perspectiva diferente da minha que as pessoas têm.
Poucos são os que me entendem completamente, até porque eu mesma muitas vezes esqueço por que é mesmo que eu não tenho carteira assinada. A beleza é rara e é aquela beleza que a gente ouve falar no filtro solar. Eu vou ser aquela pessoa interessante de 40 anos que ainda não sabe o que quer. Mas vou ter visto o mundo, vou ter histórias pra contar. No bar, bebendo cerveja barata que eu vou ter que me coçar pra pagar.
Aprendi a não fazer muitos planos, perdi a confiança no meu taco. Não são duas opções quando eu não me sinto capaz de seguir uma delas. Eu não tenho escolha, é só isso que eu faço bem. E nem sei se tão bem assim.
Eu tenho meu valor, doutor, mas o mundo não reconhece. Tenho medo de um reconhecimento póstumo.