saudade não tem no inglês

Foi em um dia meio feio que eu descobri o que significa saudade. Aliás, achei que tivesse descoberto. Porque eu achei que aquele desespero misturado com choro era saudade. Não era, saudade não deixa a gente triste. Aquilo era tristeza mesmo, pura e simples. Mas só sei disso agora. Até então eu achei que aquela dor era saudade e passei temer a saudade mais do que dia do flúor no Sesi. Cheguei a entrar em choque e voltar de Miami por causa do medo que eu tinha de quando eu sentisse saudade. Ia doer demais, eu não estava preparada pra sentir aquilo de novo. Quem dera eu tivesse sabido da verdadeira saudade antes de abril. Tudo bem, agora eu sei.
Agora eu sei que quando a gente sente saudade, a gente sorri. Porque a gente só sente saudade de quem a gente ama e é diretamente proporcional o tamanho da saudade para o tamanho do amor. Quanto mais saudade, mais amor. É óbvio. Tão óbvio é então sorrir cada vez que você pensa em alguém que ama tanto. Tão óbvio é então sorrir por ter alguém que você ama tanto.
E tão doce é o doce reencontro de duas almas que sentiam saudades uma da outra. Mesmo que seja a sua alma e a alma do capuccino da Kopenhagen. E que difícil que é transformar aquela vontade de doer que o coração tem quando a saudade é imortal e só vai sumir porque nós não somos, né? Há que se transformar a dor em esperança e nostalgia. De que um dia tudo volta pro lugar. E que um dia estivemos todos ali juntos.