o crack

Um dia eu descobri que meu sangue não parava de sangrar. Eu tinha poucas plaquetas e a causa disso nunca foi muito bem explicada. Tomei remédios, fiquei internada, quase fui pra cirurgia. Em alguns níveis, dizem que eu quase morri. A recuperação foi dura no físico e duríssima no psicológico. Hoje, graças a Deus e todas as Suas irradiações, aqui estou curada.
Meu pai um dia começou a ter uma tremedeira no braço. Depois de muito teimar achando que era uma coisa sobre a qual ele tinha controle, fez um exame e descobriu que tem Mal de Parkinson. Isso afeta não só o braço mas também a fala (e a preguiça, que quadruplicou). Tomando os devidos remédios e fazendo os devidos exercícios de fisioterapia, ele convive com isso sabendo que, por enquanto, não tem cura.
Minha avó foi diagnosticada com distúrbio bipolar depois de uma depressão pós-parto de sua filha mais nova. Desde então toma todo tipo de remédio que você pode imaginar e seu comportamento tem sido, no mínimo, desafiador para ela e para os que convivem com ela. Também tem fases de controle maior sobre a doença, fases de loucura que valha-me Deus.



Sobre esse show de desgraça eu só quero que fique claro que eu nunca fui oferecida sobre ter ou não ter plaquetopenia. Meu pai nunca foi questionado se ele queria braço tremendo. A vovó ninguém jamais perguntou se ela queria ser mei doida. Porque essas coisas são doenças e a gente não tem escolha nem controle sobre doenças.
Mas sobre usar ou não usar crack a gente tem.
Não vou entrar no âmbito social da discussão mas crack é doença meu cu.