cold feet


Começou com essa história do navio. Eu senti o cagaço na hora que eu cheguei no aeroporto e ele se agravou depois que eu passei no raio-x. Eu via o avião que ia me levar pra longe da minha casa e que só ia me trazer de volta depois de seis meses. Seis meses, minha gente, é uma pequeniníssima parcela da nossa vida, mas parece que é pra sempre quando você olha pro lado e não sabe o nome de mais ninguém. Desespero daquele eu nunca senti e aí voltei pra casa. Muita gente me elogiou dizendo que precisa ter culhões pra largar tudo e voltar, que a maioria dos seres humanos simplesmente ficaria lá sofrendo. Eu voltei. E umas 4 vezes por dia eu me arrpendo de ter voltado. Depois eu lembro do desespero e fico feliz de estar aqui.
Mas parece que virou tendência. Porque daí, precisando de dinheiro, eu resolvi dar aula de inglês. Mandei currículos e o cacete, várias (2) escolas me quiseram e tal. Uma delas eu só começo em agosto. Mas a outra, eu ia começar hoje. Ia, porque terça, na hora de levar os documentos me deu uma vontade de desistir. Porque é longe, porque eu nunca dei aula, porque eu quero ficar em casa. Cagaços que nunca me dariam antes. Eu sempre fui a Miss Carpe Diem, espalhando mensagens de incentivo para o mundo, pregando que é melhor se arrepender de ter feito do que ficar imaginando como teria sido. E agora tô eu dando pra trás em toda e qualquer situação. Toda e qualquer. Eu desisto de ir ver tv quando eu já tô no meio da escada. Me deu medinho de tudo. Tô com medinhos.
E é isso, queria poder escrever uma conclusão inspiradora aqui com a solução óbvia para esse problema mas ó, nada. Medinhos. Já pensou?