the life and lies of nat rodrigues

Apesar de ser a filha que toda mamãe gostaria de ter, eu consigo balancear as coisas através da minha total e completa falta de escrúpulos em relação ao meu futuro. Eu fiz um curso técnico de química, faculdade de publicidade, trabalhei em administração e turismo e agora eu estou dando aula de inglês. Enquanto amigos viram químicos poderosos ou publicitários fodões, eu dou aula de inglês pra ganhar uns trocados. Trocados mesmo, se eles me pagassem em moedas, minha carteira nem ia ficar muito pesada.
Num é que eu não tenho um plano, é que não ter um plano é o meu plano. Assim é o melhor jeito de evitar decepções e falhas. Se alguma coisa não vai como eu imaginei, tudo bem, eu nem queria mesmo.
Mas não é essa maravilha toda viver como uma versão menina-nerd-gordinha do Aladin sabe?. Na verdade é tudo um pouco de medo. Não sou Aladin, tô mais pra Dorian Gray. Uma Dorian Gray menina-nerd-gordinha, claro. Porque tudo não passa de medo de perder a juventude, desperdiçar a infância. Eu tenho medo de começar a trabalhar numa empresa daora, ganhando bem e tendo responsabilidades de verdade. Porque aí eu não vou mais poder largar tudo pra fazer temporada no hotel, nem largar tudo pra embarcar. Eu não vou poder mudar de idéia em relação ao meu emprego e se alguém aparecer me convidando pra ir pra África pagando menos que um BigMc, eu não vou poder ir. Isso me assusta de um jeito que eu não sei nem lidar.

Mentira, eu tenho preguiça mesmo.