Dia de Jorge

Hoje é dia de São Jorge. São Jorge é Ogum. Na Igreja Católica ele chama São Jorge, no terreiro ele chama Ogum. Mas é o mesmo guerreiro. O que muda é justamente o nome, de acordo com a sua crença.
Ok, eu não vou falar de Ogum hoje, nem de São Jorge. Eu não tenho conhecimento suficiente para fazê-lo e minha simples admiração, respeito e agradecimento não me tornam capaz pra tanto. Eu vou falar justamente do sincretismo invertido que acontece no Brasil em algumas determinadas datas.
Pra começar, é legal explicar que sincretismo é quando os caras na Bahia chamavam Ogum de São Jorge pro padre não queimar eles na fogueira. Isso resume. E o fenômeno que me intriga hoje em dia é o sincretismo invertido. Sim, porque as pessoas têm sua própria religião. Muitos são católicos não praticantes - que quer dizer que eles não vão a missa mas têm a mesma fé dos que vão. Muitos. Você que está lendo este nobre texto provavelmente é assim. E eu respeito isso, lógico. Até porque, durante 90% da minha vida eu fui assim, católica.Mas aí chega o final do ano e de repente todo mundo resolve fazer oferenda pra Iemanjá. Chega o dia da tempestade e tem atorzinho fazendo vídeo pra Iansã. Chega 23 de abil e nego bate no peito e grita OGUM como se sei lá, entendeu? Eu acho isso muito estranho. É como se fosse um patriotismo repentino que nesses dias todo mundo tem orgulho das origens, sabe?
Não estou criticando, veja bem. Não é uma crítica, eu simplesmente não entendo esse comportamento. É como se eu resolvesse comemorar o Rosh Hashaná. Ou resolvesse seguir o Ramadã. Não faz sentido, só isso.
Porque é lindo twittar Ogunhê sem ter a mais puta idéia do que significa. É lindo jogar flores no mar. Mas velinha pra Exú ninguém acende né?