about love again

Amar é uma arte para poucos e que, mesmo para esses poucos, deve seguir em constante evolução ou se torna um veneno para a alma. Porque qualquer coisa que se pareça com o ato de amar e não é, pode se transformar em uma aura negra e constante, em volta dos bem intencionados que não pararam para pensar. Que perigo.
Aqui da onde estou, vejo que a linha que separa o amar alguém do amar alguém comigo é quase fantasmagórica, de tão tênue. Quase não conseguimos separar uma coisa da outra, pelo egoísmo inerente à todas as pessoas dessa geração cataclismática (e lá vou eu com essa história de novo). Mas a diferença existe e, como diriam eles lá, once you see it, you can't unsee it. Aí você se torna essa neurose que eu sou hoje.

Eu amo aquele homem. Amo cada gesto dele, cada parte dele, cada palavra que dele sai. Amo o cheiro, amo o gosto, amo-o todo. Assim sendo, em uma nobreza involuntária, desejo a ele toda a felicidade que eu sei que ele merece. Mesmo que não seja ao meu lado, onde ainda posso achar, lá no fundo, que é o lugar dele. Mas não desejo ele aqui se não for aqui a felicidade dele. Não quero ser o que torna a vida dele menos perfeita. Quero ele lá, com ela. Feliz.
Essa nobreza toda não é exatamente digna de aplausos. Não, eu sinceramente acredito haver inclusive um quê de egoísmo - ele de novo - nisso. Porque vê-lo feliz é a felicidade minha. Se do meu lado ele não quer estar, não quero que esteja porque se ele estiver onde quiser, estarei feliz. Por causa do amor.
O amor é livre, então. Amar uma pessoa desejando que ela esteja com você é como pensar na sua própria felicidade acima da dela. Não existe amor assim. Assim como não existe aprender a amar, aliás. A gente ama e pronto. Não é uma sopa que você esquenta, indianos, desculpa, não é. O amor é livre como é livre o espírito daquele que ama de verdade. Livre para enxergar as outras pessoas do mundo. Livre para entender que o amor tem um monte de formas e pode aparecer de novo, vestindo avental e servindo mesas. Vestindo smoking e cantando ópera. Vestindo nada e cantando a mim.
O amor é livre, então. Para quem ama e para quem é amado: livres.