o ciúme

Ciúme é um monstro de olhos verdes que estuda comigo desde o prézinho com a tia Gladys. A gente cresceu junto, por tragédia minha, que tanto maldisse a vida por causa dele. Mas um dia, eis que um belo dia, não sei se culposo ou qualificado, mas matei-o-lhe. Sim, ele se foi com um monte de outros monstros de olhos coloridos que habitavam essa mente minha. Morreu.


Foi no exato dia, ou mês, ou semana, que eu entendi qual era o sentido da vida (minha vida, não a sua - nem pergunte) e aí ficou tudo mais fácil. Mas sabe o que é? Minha memória é meio fraca. Daí as vezes eu esqueço o tal do sentido e, numas de me assombrar forever and ever, o fantasma do monstro pula na minha frente gritando. Aí eu assusto, né? Reajo mal. Dando a impressão às pessoas de que eu tô com ciúme, sabe? Mas não tô, é só um fantasma.
A questão é: de vez em quando eu posso aparentar ter ciúme por causa da memória fraca. Confesso. Mas jamais é o caso quando o sentido da vida fica pulando e cantando em luz neon na minha frente. Não é o caso.