tempos inglórios

Eu já acordo de mau humor porque minha vizinha maldita tá reformando a merda da casa e os caras estão trocando TODOS OS AZULEJOS DE TODAS AS PAREDES e eles reservam a manhã para cortar e quebrar coisas. Sim, porque de tarde é um silêncio incrível. A não ser que toque o telefone, aí volta o inferno. Então assim, eu acordo com barulho de reforma, até a justiça me perdoa se eu matar alguém dia desses. Tipo tpm.
Minha mãe gosta de falar que um dia eu vou casar com um médico. Sei lá, acho que Deus me livre é o termo. Gosto de homens que ganham bem, gosto de homens de uniforme, gosto de Alex Karev e tudo mais, mas let's face it, médicos são caras chatos. Eles estudam pelo menos 78 anos pra virar médico então assim, esquece falar de Big Brother com um cara desse. Meu perfil tá mais pra casar um hippie, vagabundo, traficante. Falei isso pra ela, não é legal iludir mães. Aliás, falei também que eu sou bem do tipo que vai engravidar por acidente (God knows i'm not kiddin') e vai casar por obrigação. A resposta dela foi a que eu menos esperava:
- Casar porque engravidou? Com 21 anos? Foi-se o tempo né filha.
Porque tipos que as mulheres meio que tem filhos já com a minha idade. Eu tenho uma amiga ou duas que têm filhos. Foi-se o tempo que engravidar seria o fim do mundo. Inclusive foi-se o tempo de muita coisa. Foi-se o tempo que eu usava P, que eu saía pra balada, que eu bebia que nem uma animal, que eu tinha história pra contar, que eu respondia alguma coisa quando alguém perguntava e ai? o que você me conta?
Daí que eu ando brisando alto antes de dormir, todo dia. Troco uma idéia esperta com o @oCriador porque né? É conversando que a gente se entende. Eu tento me justificar pelas merdas que eu falo e faço, tento convencer Ele que já deu. Porque já deu, sério. Eu falei que num queria nada demais não, só queria a minha vida de volta. Que drama né? A Luciana falou isso na novela hoje. Drama, drama. Isso não é comigo, já deu. Mas o que importa é que eu vou dormir mais leve. Tenho sonhos assaz interessantes, acordaria em perfeita harmonia com o mundo, não fosse a reforma aqui do lado. Aí eu passo o dia achando que evoluí, que estou mais contente, me sentindo a Super Superadora de Crises. E isso dura legal até eu deitar de novo no escuro, olhar pra estrelinha que brilha no escuro grudada no armário em cima da minha cama. Ela me lembra que eu ainda tenho poucas plaquetas, que eu ainda tenho um tumor que ninguém sabe do que se trata e, principalmente, não estou no mar. Choro mais umas duas horas. E chega, porque já deu. Come on, Deus, já deu.